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"Super-heróis" ajudam crianças a enfrentar medo do hospital

"Super-heróis" ajudam crianças a enfrentar medo do hospital
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Publicado em 04 de março de 2017, às 10:30

Os super-heróis acompanharam a pequena Luna durante todo o procedimento cirúrgico

O Bloco Operatório do Hospital de Braga recebeu ontem a visita de diversos super-heróis que, trajados a rigor, transformaram o que seria um momento de ansiedade num momento de animação, com muitos risos e lágrimas à mistura.

O Dia da Criança no Bloco Operatório, inteiramente dedicado aos utentes de "palmo e meio", foi instituído há mais de um ano no Hospital de Braga com o propósito de desmistificar a ideia que muitos – desde os mais novos aos mais adultos – têm relativamente aos hospitais e a todo o ambiente médico-cirúrgico que lhe está associado, trazendo para o seu imaginário figuras que lhe são queridas e que remetem para momentos de alegria e descontração.

Tal como explicou Celeste Machado, enfermeira-chefe do Bloco Operatório, esta foi uma necessidade sentida para que os mais novos encarassem o ambiente hospitalar de um modo mais descontraído, transmitindo, ao mesmo tampo, tranquilidade aos seus pais ou outros acompanhantes.

«Decidimos fazer isto três vezes por ano – no Natal, no Carnaval e no Dia Mundial da Criança – com o objetivo de diminuir a ansiedade e os medos, sempre com um tema associado, sejam os super-heróis ou figuras às quais eles estejam habituados a ver nos desenhos animados», explicou, vincando que «as reações têm sido muito agradáveis».

«Daí a nossa aposta de continuar nestas datas porque são dias especiais que aproximam também os próprios profissionais. É um envolvimento diferente, toda a gente contribui para que este dia seja diferente, e tem sido muito gratificante», adiantou.

Também o diretor do Serviço do Bloco Operatório destacou a importância desta iniciativa no combate às ideias pré-concebidas que as pessoas têm dos hospitais.

«Eles [crianças] pensam logo que vêm levar uma "pica" e que vão sofrer. Mas isto aqui é mais numa perspetiva de que vêm tratar da sua saúde e não custa tanto assim, podendo mesmo ser um dia divertido e menos penoso tanto para eles como para os pais», esclareceu.

Segundo Luís Dias, trata-se de um gesto que «relaxa muito» e «mesmo os pais ficam mais descontraídos».

Quanto aos mais novos, «numa primeira fase, quando entram, acham piada, veem as pessoas vestidas e muito simpáticas.

Depois de levarem a anestesia, quando acordam na primeira hora não se lembram de nada, mas passado algum tempo, no pós-operatório, o que se verifica é que eles gostaram de ver as personagens», disse o diretor do Serviço, considerando que este é um projeto que «vale a pena» e que, por isso, «é para manter» a par de outras ações semelhantes desenvolvidas no Hospital de Braga com o mesmo propósito.

Uma das crianças que teve a sorte de ser recebida por um super-herói foi o Bruno, com apenas dois anos de idade. Prestes a ser operado a um "tubérculo" na orelha, o paciente entrou no consultório com medo e receoso, mas acabou por se distrair com os balões pendurados.

A mãe, Sílvia Machado, considerou importante esta ação para que as crianças «não sintam tanta pressão». «Ele está com medo porque pensa que vai levar "picas"», explicou.

A pequena Luna, de oito anos, ia ser submetida a uma operação aos olhos. Aos jornalistas, confessou ter gostado da receção, motivo pelo qual aceitou colocar a máscara da Super-Mulher, a sua «preferida».

A acompanhá-la estava a mãe, Carina Pereira, que enalteceu a iniciativa. «É bom para que eles não tenham medo, ajuda a relaxar um bocado, e está a resultar», disse.


Autor: Rita Cunha