OPresidente da Assembleia da República aproveitou as comemorações do aniversário da UMinho de ontem para destacar o papel da academia minhota numa «mudança que tem de continuar» e que implica «plasticidade» no Ensino Superior.
Para Augusto Santos Silva, a UMinho é um bom exemplo pela «ligação próxima» que tem ao tecido industrial, materializada numa «intervenção direta na modernização» do tecido tradicional e «enraizamento na região de novas indústrias», não esquecendo «o projeto de interação com os municípios de toda a região».
«Não tenhamos medo de enfrentar o futuro porque já fizemos um percurso que nos foi dando vantagens que fomos consolidando e desenvolvendo», disse, lembrando, contudo, que «ainda estamos muito longe de chegar a metade» desse percurso de «generalização da frequência do Ensino Superior», de incremento constante do nosso capital humano.
Para o responsável, «é muito importante» sermos «firmes contra preconceitos e contra a suposta massificação do Ensino Superior e a degradação que isso traria». «Pelo contrário, disse, «precisamos de mais gente no Ensino Superior» porque isso «enriquecerá o país», promovendo a sua qualidade democrática, a eficácia das instituições, a coesão territorial e a dinamização económica.
Para além disso, defendeu a importância de «trazer para as universidades pessoas que foram impedidas de frequentar o Ensino Superior» e de oferecer aos que estão empregados, empresas e instituições «oportunidades de requalificação», assim como «diversificar a oferta para acolher todos», o que implica «diversidade institucional».
Santos Silva lembrou ainda os presentes que «a universidade supõe o sentido de comunidade». E, aqui, alertou para o perigo da “doença quantofrénica”, que supõe, erradamente, que o conhecimento se mede cpm métricas «que têm como pressuposto que não se avalia a qualidade do que se produz» e que «é tanto mais produtivo o académico que mais artigos publicar ou mais vezes for citado».
O Presidente da Assembleia da República defendeu igualmente a ideia de «universidade como agência de desenvolvimento» e a importância de «não nos subordinramos aos mercados porque não somos servos deles mas sim da razão crítica».
Por último, Santos Silva referiu-se às «escalas». «As univesidades não devem estar apenas fisicamente mas institucional e socialmente ancoradas em territórios», referiu, vincando que «o universal está no nosso local».
Presidente do Conselho Geral preocupadacom «dificuldades financeiras e orçamentais»
As «dificuldades financeiras e orçamentais com que a UMinho se vem confrontando, especialmente comprometedoras para a concretização de projetos de ensino e investigação inovadores e criativos» foi uma preocupação manifestada pela presidente do Conselho Geral da UMinho.
Na sua intervenção, Joana Marques Vidal lamentou o «subfinanciamento do Ensino Superior», o qual se transformou «num dos grandes constrangimentos deste sistema de ensino, constituindo-se, muitas vezes, como um verdadeiro obstáculo ao integral cumprimento da missão que lhes está constitucionalmente atribuída».
«Confesso que foi com surpresa, e diria mesmo estupefação, que me apercebi, pouco tempo depois de iniciar as minhas funções como presidente do Conselho Geral, que a Lei do Financiamento do Ensino Superior não é respeitada pelos sucessivos Governos, desde 2009, por incumprimento da fórmula aí fixada para a distribuição do montante atribuído ao ensino superior pelo Orçamento Geral do Estado, pese embora o alerta do Tribunal de Contas para esta situação», disse.
Segundo Joana Marques Vidal, este «desrespeito pela fórmula fixada» veio «refletir-se gravemente nas universidades mais dinâmicas e inovadoras» como a UMinho, o ISCTE, a Universidade da Beira Interior e a Universidade Nova de Lisboa.
Nesse sentido, considera «urgente» a «consagração legal de um novo modelo de financiamento, justo e equitativo, baseado sobre critérios que proporcionem e promovam a equidade, a qualidade e a capacidade de inovação das universidades».
Presidenteda AAUM deixa mensagemaos docentes
A presidente da Associação Académica pediu aos docentes que «provem errada a ideia de que não têm interesse ou que não participam».
«De há 49 anos para cá, muito crescemos e evoluímos, mas muito se manteve inalterado», disse, dando como exemplo, «pela negativa», o trabalho em torno da inovação pedagógica.
Vincando que «o atual modelo de ensino está desatualizado», Margarida Isaías questionou porque se mantêm aulas teóricas obrigatórios, porque continua «a ser uma luta» justificar faltas ou dispensa de aulas e porque «não se dá a devida atenção» aos estudantes internacionais.
Autor: Rita Cunha