Pouco depois das 09h00, há poucos utentes naquela unidade, no centro de Braga, "o ritmo normal por estes dias do ano", como disse à Lusa um dos funcionários, admitindo não saber que hoje era dia de greve, apesar da folha colorida com o aviso afixada na porta.
"Há greve? Não sabia. Mas os médicos estão todos cá", disse.
A jornada de luta marcada para este 15 de junho abrange os trabalhadores, exceto médicos e enfermeiros, que trabalham nos serviços tutelados pelo Ministério da Saúde, que "sentem forte indignação pela degradação crescente das suas condições de trabalho" e exigem a aplicação da jornada semanal de 35 horas.
"Estamos a funcionar, mas sem auxiliares. Os constrangimentos que houver no serviço será por isso, fora essa questão, funcionamos normalmente, com todos os funcionários", disse à Lusa fonte da USF do Carandá.
Os utentes que aqui estão, poucos, também não sabem da greve: "Outra greve? Quer ver que não vou ter consulta?", declarou à Lusa um desses utentes, Jorge Palha, 71 anos.
"Isto já cansa. Um dia são os médicos, outro os enfermeiros, depois os senhores dos raios-x e o povo anda para aqui e acolá por servir. Não é para isto que pago os meus impostos", reclamou.
Maria Castro, 23 anos, veio à USF com o filho de 3 meses para "a consulta" e, disse, teve sorte: "Correu tudo normal, tive a consulta com a médica e a enfermeira, nada a dizer. Correu-me bem, foi sorte", apontou.
Os trabalhadores dos hospitais, centros de saúde, INEM e outros organismos e serviços integrados no Serviço Nacional de Saúde iniciaram às 23h00 de quinta-feira uma greve de 24 horas para exigir melhores "condições de trabalho e de vida".
Convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas, a greve, que abrange todos os trabalhadores da saúde, exceto médicos e enfermeiros, visa "exigir do Governo a satisfação de um conjunto vasto de reivindicações para a melhoria das condições de trabalho e de vida dos trabalhadores da Saúde e a defesa do Serviço Nacional de Saúde", refere o sindicato em comunicado.
Entre as reivindicações estão "a admissão dos trabalhadores necessários ao SNS", a integração nos mapas de Pessoal de todos os trabalhadores com contrato de trabalho precário, a reversão para o setor público administrativo dos Hospitais EPE (Entidade Pública Empresarial) e das Parcerias Público-Privadas (PPP) e a negociação da carreira de Técnico Auxiliar de Saúde.
Autor: Lusa