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"Organista do Papa" eleva Festival de Órgão de Braga

"Organista do Papa" eleva Festival de Órgão de Braga
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Publicado em 01 de maio de 2017, às 10:42

Juan Paradell Solé deu «concerto único», ontem à tarde, na igreja de São Marcos

O “organista do Papa” esteve, ontem, em Braga para um concerto único na igreja de São Marcos, no âmbito da quarta edição do Festival de Órgão (Ibérico) de Braga.

Foi com «a humildade» de quem tocou pela primeira vez em Portugal, que Juan Paradell Solé expressou o «grande gosto» de atuar em Braga, num Festival de que já teve «ecos por vários outros organistas», que lhe referenciaram «o enorme esforço» que está a ser feito na cidade, para reabilitar este instrumento e o gosto pela música sacra antiga.

Depois de ter registado "casa cheia" na Sé de Braga – com cerca de 900 pessoas a assistirem ao “duelo” de organistas que abriu o Festival, na noite de sexta – e de sábado ter lotado Santa Cruz, para a primeira experiência de órgão com saxofone, o Festival de Órgão voltou ontem a mobilizar centenas de pessoas.

Primeiro foi um “Concerto de Palavras” sobre o “Instrumento de Deus”, que juntou Juan Paradell Solé, José Carlos Miranda e Carlos Aguiar Gomes (15h00), que antecedeu o concerto  de “Órgãos & Vozes Sacras”, com o organista titular pontifício do Vaticano e o grupo “Ançã-Ble”. 

Ao DM, Juan Paradell Solé disse ser um «grande contentamento» atuar em Braga, naquela que é a sua "estreia" em Portugal.

«Já toquei em vários países do mundo e em muitos festivais, mas ainda não tinha surgido a oportunidade de atuar em Portugal», referiu o organista titular por mais de 30 anos da Cappella Musicale e Pontificia “Sistina”, notando que a sua vinda pretende «incentivar a difusão desta arte e a recuperação patrimonial» dos “órgãos ibéricos” (históricos).

«Estou aqui para tocar e partilhar esta arte com as pessoas que nos vêm ouvir», realçou, notando que tem «a mesma entrega» quando toca para o Papa ou para o povo. 

E, apesar do frio e vento tardio que se fez sentir na tarde de ontem, foram muitos os que aproveitaram a tarde de domingo para apreciarem a música sacra antiga, possível de ser tocada em instrumentos de quatro escalas e sem pedaleira.

Felizmente, em Braga, já existe uma dezena de órgãos de tubos recuperados, mas falta reabilitar muitos mais, pelo que a vinda de Juan Paradell Solé «é mais um incentivo» a prosseguir com este movimento.

«Já deu para perceber que a cidade tem instrumentos muito ricos e muito bons, pelo que importa apoiar as entidades e pessoas que têm desenvolvido este trabalho de recuperação», instou o “organista do Papa”.

Bernardo Reis

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Braga expressou «grande contentamento» por a instituição dar corpo a mais um Festival de Órgão, juntamente com a Irmandade de Santa Cruz, com o Cabido da Sé de Braga e com a Câmara Municipal.

«O objetivo é destacar o órgão ibérico e o papel deste a Idade Média até à atualidade, nomeadamente a grande mais-valia que representou para as celebrações religiosas no tempo em que estas tinham grande repercussão na sociedade. Estamos tentar reabilitar os instrumentos existentes, sendo que em Braga e nas freguesias existem cerca de 50 órgãos históricos, que se espera vir a recuperar, para poderem voltar a ser utilizados e reassumirem a evidência que eles tiveram e têm, pois são instrumentos musicais ao serviço da transmissão da palavra de Deus».

José Rodrigues

Este quarto Festival de Órgão de Braga tem registado «casa cheia», pois na Catedral tivemos 900 pessoas, e em Santa Cruz já nem se podia abrir as portas, com a igreja completamente lotada para ouvir órgão e saxofone, na primeira experiência do género em Braga. 

Esperamos que continue a ser um grande sucesso até ao próximo dia 7, com a demonstração das potencialidades dos órgãos históricos já recuperados. E hoje (ontem) tivemos a grande honra de receber Juan Paradell Solé, o organista titular do Vaticano. 

Este não é apenas um evento musical, mas pretende ser um contributo para aproximar as pessoas deste grande instrumento, que é “rei” da música sacra, embora um pouco destronado na atualidade.  


Autor: José Carlos Lima