As obras de conservação e restauro da igreja dos Terceiros, em Braga, deverão arrancar no próximo mês. «Amanhã [hoje] vamos assinar o termo de adjudicação e tudo indica que no dia 3 de abril teremos já o estaleiro a ser montado para iniciar a total recuperação», adiantou o cónego Manuel Joaquim Costa, presidente da comissão administrativa daquela Irmandade.
O responsável, que falava ontem, à margem da inauguração da exposição "Os Terceiros na Quaresma Bracarense", na Reitoria da Universidade do Minho, explicou que o projeto, orçado em cerca de 600 mil euros, será realizado ao abrigo do programa Portugal 2020. O prazo de execução é de 450 dias, o que corresponde a um ano e três meses, aproximadamente.
A intervenção incidirá inicialmente na parte exterior da igreja, concretamente na fachada e nas coberturas. Posteriormente, será instalado um sistema antipombos, e efetuado o tratamento dos azulejos, não esquecendo o restauro da torre.
A parte interior é a que se segue, incluindo o tratamento dos altares laterais, a colocação de um sistema antifogo, o restauro dos azulejos e das estátuas, dos retábulos laterais e do soalho.
Para o cónego Manuel Joaquim Costa, esta intervenção reveste-se de uma enorme importância tendo em vista a proteção e preservação de todo o edifício e o seu interior. «Este é um património que tem um brilho próprio que está num ponto em que temos de lhe restituir esse brilho, não só valorizando-o, mas também melhorando a capacidade de bem acolher para bem celebrar e cultivar aquilo que o espaço litúrgico e celebrativo nos pode inspirar», justificou.
Sobre a exposição ontem inaugurada na Galeria do Salão Medieval da Reitoria da UMinho, no Largo do Paço, o cónego destacou a sua importância na preservação do passado. «Um cristão não deve perder a sua memória e esta exposição acaba por corresponder a uma voz comum de pessoas que estudam e conhecem o património e que, como eu, defendem que este não deve estar fechado, mas ser contemplado», explicou.
Já o vereador do Património, Miguel Bandeira, enalteceu a união de três entidades – Universidade do Minho, Igreja e Câmara Municipal de Braga – na divulgação e valorização daquilo que identifica e distingue uma cidade.
Vincando que «quem não conhece o património não o ama», Miguel Bandeira congratulou-se com «esta relação com o passado» e que, agora, retrata «uma das cerimónias mais intensamente vividas da nossa comunidade», que é a Procissão das Cinzas, extinta em 1905.
Eduarda Keating, presidente do Conselho Cultural da UMinho, lembrou a preocupação daquele órgão colegial em «estimular o estudo e a conservação do património».
Patente até 16 de abril, esta exposição mostra, enter outras obras, uma escultura em roca de Nossa Senhora da Conceição e a caixa de zinco onde eram colocadas as cinzas utilizadas durante a procissão. Alguns cartazes afixados revelam ainda curiosidades sobre este tema.
Autor: Rita Cunha