Mais de uma centena de funcionários de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) do distrito assistiram ontem a uma ação de formação gratuita promovida pela UDIPSS (União Distrital de Instituições Particulares de Solidariedade Social), em parceria com a F3M.
A iniciativa, que decorreu no auditório da Faculdade de Ciências Sociais do polo de Braga da UCP (Universidade Católica Portuguesa) abordou temáticas relacionadas com o envelhecimento e com a infância, que há muito constituíam necessidades identificadas pelos formandos e pelas instituições.
O presidente da UDIPSS, cónego Roberto Rosmaninho Mariz, revelou que estas ações de formação se inserem no compromisso assumido pela UDIPSS no sentido de potenciar a formação para os profissionais das instituições, tendo ficado decidido, no âmbito da parceria com a F3M, que os temas do envelhecimento e da infância seriam prioritários, uma vez que são essas as áreas de atuação da maioria das IPSS.
Marlene Santos, da área de formação da F3M, revelou que «faltava incidir sobre estas áreas, trabalhando diretamente com aqueles que trabalham com os utentes e respondendo às suas necessidades, alargando a oferta, que até aqui se concentrava na área da gestão e das direções.
«Achamos que não fazia sentido trabalhar com as IPSS e não o fazer diretamente com aqueles que trabalham com os utentes. Além disso tratavam-se de áreas há muito requeridas pelos profissionais, e agora que obtemos certificação nesta área, e tendo em conta as necessidades que nos chegavam dos formandos, achámos que fazia sentido abordar estes domínios», referiu.
Inscritas na formação estiveram 113 pessoas, tendo sido necessário alargar a oferta para fora do distrito, chegando incusivamente às instituições do Porto e de Bragança.
«Temos pessoas de Rossas, de Famalicão, do Porto. Já temos tido pessoas de Bragança, portanto estas formações têm sido alargadas a outros distritos que provavelmente não têm esta oferta e portanto daí a necessidade, mais uma vez obriga-os a virem a locais onde são realizadas estas instituições.
O cónego Roberto Mariz regista «com orgulho e satisfação o facto da iniciativa ter sido procurada por instituições de fora do distrito» e argumenta que esse facto só «demonstra a pertinência das temáticas abordadas».
A formação de ontem insere-se num programa formativo mais alargado, que se estenderá um pouco por todo o ano e por várias sessões que abordam múltiplas visões e problemas sobre crianças e envelhecimento.
No dia 26 de abril, da parte da manhã será abordado o tema "Prevenção de Acidentes em Crianças e Jovens" e, da parte da tarde, "Atividades para um envelhecimento ativo". Depois, no dia 23 de maio, da parte da manhã será abordado o tema "Educação: a importância de dizer não" e da parte da tarde "Memória e envelhecimento: aprender a não esquecer".
Para a manhã de 17 de outubro está marcado o tema "Educação Emocional das Crianças" e da parte da tarde "Depressão na Velhice?! Como agir?"
Finalmente, no dia 21 de novembro, da parte da manhã a sessão será sobre "Sexualidade na infância" e de tarde sobre "Sexualidade na 3.ª idade".
Factos refutam mitos sobre envelhecimento
Durante a manhã de ontem, entre outros aspetos foram abordados diversos mitos da velhice, que foram diretamente contrapostos com factos.
"O idoso é uma criança"; "O idoso é assexuado" ou "O idoso vive no passado" foram três dos mitos refutados com factos baseados na experiência, tendo os técnicos tido oportunidade de opinar de acordo com o seu quotidiano profisisonal.
Um dos mais contestados foi o mito de que "o idoso é uma criança", tendo sido realçado que o idoso envelhece, mas tem uma história de vida, um passado que só conjugado com um presente e a esperança de futuro faz sentido.
Os técnicos presentes concordaram que este é um dos grandes mitos que acaba por limitar a forma como nos dirigimos aos idosos, adotando muitas vezes uma postura altiva e orientadora, como se de crianças se tratassem.
Foi também estabelecida a diferença entre envelhecimento normal Vs patológico e questionados diversos estereótipos acerca da terceira idade.
Autor: Carla Esteves