O Museu da Imagem ganhou ontem um brilho especial, com a abertura da exposição “Lausperene”, uma mostra fotográfica de Adalberto com textos de Rui Ferreira, que retrata a exposição do Santíssimo Sacramento pelas Igrejas da cidade de Braga, desde o início da Quaresma até à Páscoa.
Instituída pelo arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles, a adoração permanente tornou-se uma tradição e marca cultural da cidade, que transporta consigo um importante património de ourivesaria religiosa, acompanhada por ornamentações próprias e florais.
Esta é uma mostra integrada no Programa da Quaresma e da Semana Santa, que foi o resultado de um trabalho apurado de recolha fotográfica de Adalberto, que retratou todos os templos por onde passa sucessivamente o culto do Santíssimo.
A exposição revela o exterior e interior das várias igrejas e a “antecâmara” do culto, apresentando a entrada dos templos com o manto solene nos pórticos de entrada.
«Procurei dar a minha perspetiva sobre este culto, mas retratando de forma abrangente todos os templos que integram este rito da adoração», explicou Adalberto, que no catálogo e na exposição conta com textos enquadradores do historiador Rui Ferreira.
Na abertura, o Cónego Luís Miguel Rodrigues realçou que a Semana Santa «é um acontecimento cultural em sentido lato, com uma forte componente religiosa de onde nasceu todo este envolvimento próprio da cidade de Braga, o qual precisa de ser vivido para atualizar o significado do que estamos a ver e a fazer».
«Estas exposições têm como missão ajudar os bracarenses e quem nos visita a redescobrir e afirmar o sentido de cada uma das práticas da nossa Quaresma», acrescentou, frisando ter ficado «muito surpreendido com a adesão dos bracarenses e visitantes de Portugal e Galiza aos sacramentos durante a Semana Santa».
A vereadora da Cultura, Lídia Dias, destacou que esta exposição «é fruto de uma estratégia deste executivo municipal de «abrir o Museu da Imagem à comunidade, recebendo projetos e artistas de Braga; abrir aos eventos do concelho, como a Semana Santa, a Braga Barroca, a Braga Romana ou o São João; e ainda desenvolver um trabalho não só na área da fotografia, mas da imagem em sentido lato, como tem procurado trabalhar também na parceria com a Fundação de Serralves, em que tem sido explorada a instalação vídeo».
O presidente da Câmara, Ricardo Rio, esteve pela primeira vez na abertura de uma exposição no Museu da Imagem, procurando significar a importância desta quadra para a cidade de Braga e pretendendo marcar um novo tempo para este museu municipal.
«A Câmara tem procurado contribuir para valorizar culturalmente este período até à Páscoa e focar alguns dos momentos mais significativos, como acontece com esta exposição, que é o testemunho da vivência da comunidade», assinalou Ricardo Rio.
O edil considerou que «o Museu tem também cumprido este papel de relação com a cidade, em muitos momentos relevantes da vida coletiva, e tem procurado ser uma mais valia para a cidade.
Para isso, «é preciso qualificar o Museu da Imagem do ponto de vista dos recursos humanos e também de condições para a conservação das coleções», disse o edil.
«Temos consciência que este espaço não é o mais adequado para a conservação, pelo que aqui permanecerá a componente expositiva e o arquivo irá para o novo Arquivo Municipal [antiga Escola do Bairro Nogueira da Silva, já em adaptação], para ter melhores condições de salvaguarda».
Autor: José Carlos Lima