Cada vez mais os jovens estão conscientes da existência de violência no namoro e estão atentos a esta problemática, muito em parte devido à proliferação de campanhas de sensibilização.
A afirmação é de Mónica Sousa, psicóloga do projeto "Chega", da Associação SOPRO, que ontem esteve no Museu dos Biscainhos a orientar uma sessão de sensibilização para a não-violência no namoro, intitulada "Amor SIM! Violência NÃO!".
À margem da mesma, a responsável explicou que, nos últimos anos, e de acordo com estudos realizados, «os jovens estão mais atentos e conscientes da existência desta problemática», um facto comprovado pelo aumento do número de queixas-crime no quadro de violência no namoro junto das autoridades competentes.
«Isto leva-nos a crer que o fenómeno está a ter mais visibilidade e as pessoas procuram uma solução para os seus problemas», disse Mónica Sousa, vincando, contudo, que tal não significa que haja mais casos de violência deste tipo.
Concretamente no caso dos jovens, a técnica deu nota de vítimas que a abordam no final das sessões, seja para falar de si ou da situação de um amigo, pedindo alguma privacidade.
Segundo Mónica Sousa, esta maior procura deve-se essencialmente às campanhas que têm vindo a ser realizadas não só pela SOPRO mas por várias instituições em todo o país.
«Tem havido um esforço nesse sentido e penso que, agora, estamos a colher os frutos. Provavelmente esse aumento de queixas não se via há uns anos atrás mas vê-se agora porque há essa maior consciência e a sociedade está mais alerta, até mesmo pelo que se fala na comunicação social, o que ajuda a quebrar o tabu», frisou.
Para a responsável, o medo e a vergonha ainda são os maiores entraves para a denúncia por parte das vítimas, e estes são notórios tanto nos jovens como nos adultos. «Há sempre medo envolvido, medo das retaliações e vergonha do julgamento», disse.
Por isso, na sua intervenção de ontem junto dos jovens, Mónica Sousa aconselhou os amigos das vítimas a falarem sobre a situação sem emitir qualquer juízo de valor.
«Devem estar atentos e, se identificarem algo, devem falar sobre isso, com empatia e respeito, bem como aconselhar o amigo a falar com alguém de confiança e, se o caso for mais grave, a procurar apoio junto das forças de segurança», referiu.
Na sessão, os jovens foram ainda alertados para atitudes que poderão indiciar violência durante o namoro, seja ela física como psicológica, tendo em conta que os comportamentos negativos tendem a aumentar quando se avança para uma relação conjugal.
«O mote é conversarem e, se não se resolver o problema, repensar no que fazer. Tolerar a violência é que não, esta não é desculpável», alertou a psicóloga.
O projeto "Chega"visa intervir nas desigualdades e violência de género, variando o foco consoante o público alvo.
Atua tanto no campo da prevenção, através de ações de sensibilização, como da da intervenção, quando a vitimação já existe.
Autor: Rita Cunha