O secretário de Estado da Administração Interna anunciou ontem, em Braga, que o Governo vai proceder a um reforço de meios de combate aos incêndios florestais no distrito de Braga antes da época mais crítica, conhecida como fase Charlie, entre 1 de julho e 30 de setembro.
«Vai ser imediato, penso que na próxima semana teremos esse reforço de operacionais e de meios materiais», garantiu Jorge Gomes, em declarações aos jornalistas no final da apresentação do dispositivo especial de combate a incêndios florestais para este ano em Braga.
O governante reconheceu que o distrito, nesta altura, já tem um número de ignições «muito elevado» e uma «área ardida muito grande», o que considerou «um flagelo» que é preciso «travar de imediato».
De janeiro até agora contam-se já 683 incêndios e mais de 2400 hectares de área ardida. Durante o ano de 2016 foram registados 1468 incêndios com 13 453 hectares de área ardida.
Jorge Gomes apelou ao envolvimento de todos na prevenção dos incêndios, referindo que «o tempo não está a ajudar, os solos estão secos, mas os nossos comportamentos também não estão a ser os mais corretos».
Este ano, o Plano Operacional conta com o apoio de 1350 militares do Exército que têm vindo a receber formação, não para combater incêndios, mas para trabalhar no rescaldo e na vigilância do rescaldo.
A integração, pela primeira vez, destes homens no dispositivo –em que terão um equipamento de proteção individual - permitirá libertar os bombeiros para outras ocorrências ou poderem descansar.
«É uma mais-valia para o país e é uma mais-valia para o povo que tanto se revê nas Forças Armadas», disse o secretário de Estado, segundo o qual o Regimento de Cavalaria de Braga é uma das unidades que irá dar o seu contributo.
As medidas passam ainda pelo pré-posicionamento de 18 equipas de operacionais nas zonas historicamente mais atingidas pelos incêndios. Esses bombeiros virão de Lisboa.
Os operacionais vão contar com alimentação e água para as primeira 24 horas, e o transporte será feito através de autocarros e não viaturas. «É mais seguro e tranquilo», disse Jorge Gomes, segundo o qual o Governo não quer este ano ver pessoas a morrer por causa dos incêndios.
Será também disponibilizado, «de forma permanente e com disponibilidade total», um helicóptero de cordenação e comando para fazer o controle de toda a operação. No plano deste ano há também 3 equipas do GIPS que farão a análise do uso de fogo controlado.
O secretário de Estrado deu conta ainda que os presidentes das juntas de freguesia vão ter um «envolvimento mais sério e ativo» na área da Proteção Civil, ao abrigo de um protocolo celebrado o ano passado com a Associação Nacional de Freguesias. Para tal, está a ser assegurada formação específica básica aos autarcas em cada um dos distritos.
A GNR terá uma ação mais forte na fiscalização de áreas circundantes das habitações e na repressão dos comportamentos indevidos. «Os maus comportamento têm que ser reprimidos», disse.
O novo pacote legislativo na área da prevenção e defesa da floresta, aprovado em Conselho de Ministros, já desceu à especialidade, na Assembleia da República, estando na reta final para ser aprovado.
Segundo Jorge Gomes, esta legislação «é muito vasta» e «muito forte para o ordenamento da floresta», mas vai demorar alguns anos a ter impacto no terreno.
Bombeiros Voluntários não desistem de novo quartel
A direção dos Bombeiros Voluntários de Braga está a tratar com o Governo a possibilidade de «arranjar» um terreno em Maximinos para a construção de um novo quartel, mas não poderá utilizar as verbas da candidatura aprovada para a reabilitação do atual.
Os técnicos da comissão de gestão do POSEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos) estiveram a estudar a possibilidade de canalizar o dinheiro (perto de meio milhão de euros) para a edificação de um novo equipamento e chegaram à conclusão que, face às leis comunitárias, a candidatura «não tem volta a dar», disse o presidente da Associação Humanitária.
Assim, os Bombeiros Voluntários de Braga vão fazer a requalificação do atual quartel, no centro da cidade, aproveitando o dinheiro que a candidatura aos fundos comunitários disponibiliza, e «a seu tempo construir o quartel novo».
«Sabemos que não é a situação ideal, nem estamos satisfeitos com isso, mas não podemos, neste momento, fazer de outra maneira», reconheceu o capitão António Ferreira. O terreno em Maximinos é propriedade do Instituto de Emprego e Formação Profissional.
A direção dos Bombeiros já reuniu com responsáveis do Instituto para se ver em que moldes o terreno poderá passar para a Associação. A Câmara Municipal poderá vir a intermediar a operação.
«Braga precisa de um quartel novo e vai tê-lo com ou sem fundos», assegurou António Ferreira que ontem ouviu o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, reafirmar «todo o apoio» do Governo para se arranjar uma solução que «satisfaça não só as necessidades da Associação mas sobretudo a capacidade de resposta aos cidadãos».
O governante esteve em Braga para a apresentação do Plano Operacional de combate a incêndios florestais no distrito.
Autor: Jorge Oliveira