Anova galeria da Unidade de Saúde Familiar (USF) do Minho, no Carandá, em Braga, conta desde esta sexta-feira com a primeira exposição da sua história. “Olhar(es) sobre a cidade”, da artista Patrícia Ferreira, vai estar na sala de espera do segundo piso da unidade de saúde até ao dia 30 de junho.
Os 11 trabalhos da artista, colaboradora do Diário do Minho, fazem parte da coleção “Braga, do Ocre ao Ciano”, que esteve exposta no Museu Pio XII no verão de 2022. São trabalhos «dedicados à temática de Braga, dedicados às minhas memórias, às minhas origens, ao meu quotidiano, acabam por ser uma espécie de diário gráfico, que vou fazendo, em que não somo textos mas somo imagens», declara Patrícia Ferreira.
Com duas obras de maior dimensão a servir de início e fim da exposição – e a retratar dois pontos de vista diferentes da Rua do Souto, um deles a partir da famosa “A Brasileira” –, os trabalhos mais pequenos passam por várias ruas de Braga e até pelo Theatro Circo – durante a pandemia – e pelo Santuário do Bom Jesus.
A artista explicou ao Diário do Minho que os trabalhos «traduzem acontecimentos da cidade» que lhe dizem respeito, e passam por «registos de procissões, registos das minhas próprias vivências, de sítios onde tomo o pequeno-almoço, de sítios onde eu converso com os meus amigos». Ou seja, não é «um mapeamento rigoroso e geográfico da cidade, mas mais sentimental».
Francisco Fachado, o médico coordenador da USF do Minho, afirma que a galeria, além do objetivo de levar arte à unidade de saúde, pretende a «humanização da sala de espera», já que estas distrações, que tornam a sala de espera «mais confortável», podem ter «repercussões positivas nos utentes».
O responsável da unidade de saúde diz ainda que a abertura da unidade à comunidade, através da inauguração da galeria, é «importante», e que o terceiro objetivo passa pela «prevenção quinquenária» – isto é, prevenir danos nos utentes agindo nos médicos. Por outras palavras, as obras de arte podem ajudar a «afastar o burnout» e a «diminuir o stress» dos profissionais de saúde.
Rui Macedo, membro do conselho executivo do Agrupamento de Centros de Saúde Cávado I, congratulou a iniciativa da USF do Minho e «o excelente gosto de ter escolhido estas obras da artista Patrícia Ferreira».
Para o médico, «arte e saúde indissociáveis», e «não há dúvida alguma que é um caminho que tem que ser trilhado na promoção de saúde e na prevenção da doença». Isto porque «o processo terapêutico provavelmente começa na maneira como uma unidade que o utente reconhece como a sua casa de saúde logo à entrada, sendo que ser recebido com arte de qualquer tipo na sala de espera é um primeiro passo que é dado num processo contínuo».
Autor: João Pedro Quesado