As famílias bracarenses que tenham um contador de água com calibre de 15 mm vão pagar por mês, em 2020, 4,55 euros de tarifa fixa de disponibilidade de água. O encargo, que é pago independemente de haver ou não consumo de água, é superior em 22,27 por cento à taxa que a Empresa de Águas, Efluentes e Resíduos de Braga (Agere) se propõe cobrar aos consumidores não domésticos que também sejam servidos por contadores de 15 mm.
O tarifário que a Agere submete à reunião de vereação de amanhã, dia 27 de janeiro, estipula que as entidades coletivas - empresas, incluindo hotelaria e restauração, autarquias e empresas municipais - paguem cerca de 3,72 euros, no caso de o acesso à água da rede pública ser feito com o contador de calibre mais baixo.
Também os agregados familiares que vivem em situação de graves dificuldades económicas são colocados num tarifário em que o acesso à água da rede pública é mais caro que o das empresas, nos casos em que o calibre do contador é de 15 mm. O tarifário faz, no entanto, a ressalva de que o valor mensal em torno dos 4,55 de tarifa fixa de disponibilidade de água é descontado na íntegra, se os utentes comprovarem, no Balcão Único da Câmara Municipal de Braga a situação de carência económica e solicitarem a respetiva inclusão no tarifário social.
Trata-se, no entanto, de uma diligência que a grande maioria das pessoas e/ou famílias não faz. Na conferência de imprensa da passada terça-feira, dia 21 de janeiro, em que anunciou as novidades do tarifário a aplicar nos resíduos urbanos, o presidente do Conselho de Administração da Agere, Rui Morais, afirmou que «há menos de mil clientes a beneficiar do tarifário social». O baixo número face aos casos de pobreza existentes no concelho - só a beneficiar de Rendimento Social de Inserção há cerca de 3000 pessoas no concelho de Braga - foi explicado pela «vergonha das pessoas» em mostrarem que vivem com dificuldades financeiras.
Também as Instituições Particulares de Solidariedade Social são isentadas do pagamento da tarifa fixa de acesso à água da rede pública, caso sejam servidas por um contador do calibre mais baixo. O custo de cerca de 3,72 euros, previsto no tarifário, é descontado na fatura, estipula a proposta de tarifário. Mas se for usado qualquer outro calibre, as instituições de solidariedade, que não têm fins lucrativos, pagam exatamente o mesmo que as empresas que visam o lucro, podendo encargo ultrapassar os 29 euros por mês, no caso de contadores com calibre de 100 mm.
Autor: Joaquim Martins Fernandes
Famílias vão pagar mais que as empresas para terem acesso à água da rede pública

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Publicado em 26 de janeiro de 2020, às 14:22