Os docentes de Enfermagem da Universidade do Minho (UM) começaram ontem uma greve ao acompanhamento de alunos em aulas práticas no Hospital de Braga por considerarem que ficam sujeitos à «obrigação de praticar atos de enfermagem de forma ilícita».
Em declarações à Lusa, o delegado do Sindicato Nacional do Ensino Superior, João Macedo, explicou que os docentes da Escola de Enfermagem da UM que cumprem «por tradição» turnos de 7/8 horas no Hospital de Braga para acompanhar alunos na vertente prática e praticam atos de enfermagem estão em «situação ilegal» uma vez que não estão abrangidos por «qualquer seguro» de responsabilidade civil profissional.
O sindicalista explicou que a reitoria da UM foi alertada para aquela ilegalidade em abril e que «até hoje» não houve «nenhuma tentativa de aproximação» para resolver a situação, acusando mesmo a academia minhota de estar a «substituir» trabalhadores em greve.
«Não era uma prática explícita, mas acontecia invariavelmente, era uma coisa normal dentro da rotina do ensino clínico [a prática de atos de enfermagem em contexto hospitalar enquanto docentes da Escola de Enfermagem da UM]», reconheceu o sindicalista e docente naquela academia.
Segundo explicou, «havia essa tradição de acompanhar os alunos dessa forma mas foi pedido um parecer ao sindicato sobre a legalidade da situação», parecer esse que concluiu pela ilegalidade daquela prática. «Foi comunicado que era ilegal o que se estava a fazer à reitoria, em abril, e até hoje, mesmo com pré-avisos de greve não houve nenhum tipo de aproximação da reitoria para evitar a greve ou a repetição da situação», informou, vincando que «o sindicato pediu, desde abril, uma reunião com caráter de urgência à reitoria, mas o encontro foi sucessivamente adiado».
O sindicalista realçou ainda que a «possível solução» encontrada pela UM para a questão – contratar enfermeiros do Hospital de Braga para acompanharem os alunos – «não só não resolve a questão» como pode configurar outra ilegalidade.
À Lusa, o reitor da UM, António Cunha, afirmou que «esta questão tem que ser resolvida pela Escola de Enfermagem e não pela reitoria», pelo que disse não perceber «as acusações de falta de diálogo por parte da reitoria».
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