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? D. Jorge Ortiga afirma que «ninguém pode ficar indiferente» à crise migratória

? D. Jorge Ortiga afirma que «ninguém pode ficar indiferente» à crise migratória
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Publicado em 06 de abril de 2019, às 00:53

Na última conferência do Ciclo de Conferências Nova Ágora

O Arcebispo Primaz de Braga disse, esta noite, na abertura da terceira e última conferência do Ciclo Nova Ágora sobre o tema "Migrações", que «ninguém pode ficar indiferente» aos milhões de refugiados ou migrantes forçados que pedem a proteção internacional e às «vítimas do tráfico e das novas formas de escravidão nas mãos de organizações criminosas». https://www.facebook.com/espacovitabraga/videos/1257664057729773/UzpfSTQwMjY4ODQ1NjQwODgxNToyODQ1OTM5NzM4NzUwMzI5/ D. Jorge Ortiga lembrou que há mais de 68 milhões de pessoas em movimento por todo o mundo e 3.323 pessoas morreram ou desapareceram em rotas migratórias, com a maioria de mortes a acontecer no Mediterrâneo, segundo os dados mais recentes da Organização Internacional para as Migrações. Segundo o pelado, a solução deste problema «diz respeito a todos e a cada um», como lembrou recentemente o Papa que, perante este fenómeno, desafiou as comunidades cristãs a «acolher, proteger, promover e integrar» os migrantes. «Só uma verdadeira ação concertada dos governos da nação, da Europa, capaz de responder à crise migratória, poderá defender com humanismo os migrantes dos traficantes ou da morte no Mediterrâneo, e criará como algo imprescindível e prioritário as condições para que possam permanecer nos seus países de origem, terminado com os conflitos bélicos», disse o Arcebispo de Braga, concluindo: «nenhum país resolverá o problema sozinho. Só uma solução intercontinental onde a solidariedade entre os Estados se torne efetiva e duradoura resolverá este terrível problema que envergonha os países desenvolvidos».

A última conferência da quinta edição do Ciclo de Conferência "Olhares sobre...", da Nova Ágora, que regressou ontem ao Espaço Vita, em Braga, depois da primeira conferência em Guimarães (Paço dos Duques de Bragança) e da segunda em Vila Nova de Famalicão (Casa das Artes), contou também com os contributos de António Vitorino, Director-geral da Organização Internacional para as Migrações, Pedro Calado, Alto-comissário para as Migrações, e José Luís Carneiro, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

António Vitorino reconheceu que há em certos meios políticos uma dificuldade em encontrar uma «narrativa favorável» às migrações, devido à insegurança e a causas sociais.

«O que faz falta são vozes razoáveis, ponderadas, não vozes que cavalgam este caldo de cultura contra as migrações», defendeu o antigo ministro da Defesa português, saudando o Papa Francisco por ser uma das «poucas vozes» no mundo a defender valores em prol da dignidade humana e os direitos dos migrantes.

Pedro Calado procurou desmistificar a ideia de que os imigrantes vêm para Portugal retirar ou “roubar” trabalho. O Alto-comissário para as Migrações referiu que grande parte dos imigrantes vêm para profissões que muitos portugueses não querem (limpeza, vendedor de loja e cozinheiro). Por outro lado, «cada vez mais» os estrangeiros criam postos de trabalho em Portugal e contribuem para a Segurança Social.

«Os estrangeiros são uma oportunidade, não um problema», acrescentou.

José Luís Carneiro, que partilhou a experiência que tem tido com as comunidades portuguesas no estrangeiro, defendeu que é necessário «articular» a política das migrações com a política de desenvolvimento até 2030, bem como construir no dia a dia um discurso público positivo sobre o fenómeno migratório.

Lembrando que a principal causa da mobilidade é o trabalho, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas aconselhou a quem pretende sair do seu país procurar primeiro informar-se sobre as regras do país de acolhimento. Sobre os portugueses no estrangeiro, afirmou que a esmagadora maioria tem uma «excelente integração» e são elogiados pela suas capacidades, sobretudo de trabalho e empreendedora.

A conferência encerrou com um apelo da mesa, aplaudido pela plateia, no sentido de se criar empatia e promover a aproximação dos migrantes nas comunidades de acolhimento.

[Notícia também na edição impressa de amanhã do Diário do Minho]
Autor: Jorge Oliveira