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Cuidado humanizado é resposta a risco acrescido na saúde mental

Cuidado humanizado é resposta a risco acrescido na saúde mental
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Publicado em 23 de junho de 2017, às 09:40

Diretora do Departamento de Ciências de Enfermagem e da Saúde da ESSVA enalteceu a realização do evento

Numa altura em que «vivemos um risco mais acrescido» na área da saúde mental do que na física, «percebemos que a ênfase deve incidir num cuidado humanizado e de respeito pelas formas de ser, capacidades e dignidade», defendeu Isabel Araújo, diretora do Departamento de Ciências de Enfermagem e da Saúde da Escola Superior de Saúde do Vale do Ave (ESSVA) da CESPU.

A responsável, que falava na sessão de abertura das VI Jornadas de Enfermagem de Saúde Mental, que se realizaram ontem na Casa de Saúde do Bom Jesus, enalteceu o tema escolhido – "Saúde Mental: Construir hoje o futuro..." – tendo em vista a melhoria do atendimento na área da saúde mental e psiquiatria.

«Nos momentos difíceis que vivemos, numa sociedade para a qual é mais fácil desistir, já lá vai mais de uma década [de organização do evento], pelo que felicito a equipa organizadora», começou por referir.

Lembrando que, atualmente, existe um maior risco na área da saúde mental do que na física, sendo cada vez mais os casos diagnosticados de depressão ou ansiedade, por exemplo, Isabel Araújo defendeu um «cuidado humanizado». Algo que só poderá ser conseguido através da união entre investigação, formação e prática clínica.

Também a Irmã Paula Carneiro, Conselheira Provincial das Irmãs Hospitaleiras (CSBJ), destacou o tema a debate, já que permite «refletir sobre o impacto da saúde mental no presente e no futuro», bem como «partilhar desafios inerentes a uma enfermagem inovadora». 

«O futuro constrói-se com o que hoje projetarmos e implementarmos. E pensar numa enfermagem de saúde interventiva é pensar numa enfermagem que ajuda a promover estilos de vida saudáveis, que facilite processos de reabilitação psicossocial e de inclusão social, que seja parceira na concretização de expetativas e necessidades centradas na qualidade de vida e potencialidades da pessoa assistida», referiu.

Vincando que, tal como no passado, a «realidade do sofrimento humano» na sua dimensão psíquica «continua a ser um desafio» para os profissionais de saúde que lidam de perto com estes casos, a Irmã Paula Carneiro defendeu a «hospitalidade» como a «base imprescindível de um serviço de qualidade».

Sobre o modelo hospitaleiro que seguem, vincou que este «obriga-nos a melhorar caraterísticas fundamentais do nosso pensar e atuar profissionais na área da saúde mental», implementando «programas inovadores em saúde, práticas integradoras e sistémicas de cuidados continuados na saúde mental e eficácias terapêuticas assentes no correto diagnóstico, de reabilitação psicossocial, investigação e inovação, impulsionando modelos de organização e gestão de cuidados centrados nas reais necessidades da pessoa e fundamentados numa verdadeira abordagem holística e interdisciplinar».

A sessão contou também com a intervenção de Paula Palmeira, supervisora de Enfermagem nas Irmãs Hospitaleiras, que deixou algumas palavras de incentivo aos estudantes na área das Ciências da Saúde presentes, lembrando-os que «deixaram marcas» não só nos profissionais, mas em todas as pessoas com as quais contactaram, incluindo os utentes. Esta ideia foi partilhada por Bárbara Machado, representante dos alunos, segundo a qual esta experiência os tornou «pessoas mais capazes» e, por isso, «melhores profissionais».

Já Bruno Santos, das Irmãs Hospitaleiras, destacou a importância das jornadas quanto à partilha de projetos que possam ser reproduzidos e/ou melhorados. Lembrou ainda que «a doença mental é indissociável da saúde em geral».


Autor: Rita Cunha