A produtividade do Hospital de Braga registou uma forte subida na generalidade dos serviços prestados aos utentes, desde que o modelo de gestão privada passou a vigorar em pleno.
No período de 2010 a 2016, as consultas externas aumentaram de 266 mil 512 para 433 mil 338, evolução que traduz uma subida de 62,60 por cento.
Os números que foram publicados pela administração que gere a maior parceria público-privada da saúde ficam muito acima do aumento médio registado para as consultas externas em todos os hospitais que integram o Serviço Nacional de Saúde.
Os valores apurados pelo Diário do Minho na base de dados da Administração Central do Sistema de Saúde, da Direção Geral da Saúde e do Serviço Nacional de Saúde dão conta que, entre 2010 e 2016, o total das consultas hospitalares passou de 10 milhões 793 mil 541, em 2010, para 12 milhões 45 mil 848, em 2016.
A evolução expressa um aumento de 11,60 por cento, subida que é inferior em 5,34 vezes o aumento apontado para a unidade hospitalar bracarense.
No plano das cirurgias, a diferença entre a realidade do Hospital de Braga e o quadro geral dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde é ainda mais acentuada.
O total de doentes operados na unidade de saúde minhota passou de 15 mil 309, em 2010, para 27 mil 651, em 2016. Em todos os hospitais da rede pública, o volume total de cirurgias realizadas no mesmo período diminuiu de 676 mil 278 para 665 mil 576.
A comparação de dados dá conta que enquanto a generalidade dos hospitais públicos realizou menos 1,58 por cento de cirurgias, a unidade hospitalar bracarense aumentou o número de doentes operados em 80,62 pontos percentuais.
Hospital duplica peso das cirurgias mas mantém lista de espera longa
O aumento de 80,62 por cento no número de cirurgias realizadas pelo Hospital de Braga duplicou o respetivo peso na generalidade das cirurgias feitas em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde.
As 15 mil 309 cirurgias feitas em 2010 correspondiam a 2,26 por cento de todas as intervenções similares realizadas na rede do SNS, mas as 27 mil 651 operações cirúrgicas que foram realizadas, representam 4,15 das 665 mil 576 cirurgias que, em, 2016, foram feitas em todas as unidades hospitalares públicas.
Também o peso das consultas externas registou uma evolução significativa, passando de 2,47 para 3,59 por cento de todas as consultas hospitalares do Serviço Nacional de Saúde.
As cirurgias de ambulatório, que cresceram 151,73 por cento, entre 2010 e 2016, valem agora quase 5 por cento de todas as cirurgias de ambulatório feitas no país, enquanto que as primeiras consultas têm um peso de 4 pontos percentuais no quadro público nacional.
Apesar da evolução registada na realização de cirurgias, o Hospital de Braga continua a ser uma das unidades hospitalares do país com mais doentes em lista de espera.
Os números conhecidos reportam-se ao mês de outubro de 2016, altura em que a unidade bracarense contava 10 mil 918 doentes à espera de serem operados, valor que corresponde à terceira maior lista de espera.
A grande maioria (9 mil e 47 doentes) ainda estava dentro do Tempo Máximo de Resposta Garantida, o que quer dizer que 17,1 por cento já esperava há tempo de mais pela entrada no bloco.
O Centro Hospitalar Universitário de Coimbra tinha a maior lista de espera, com 15 mil 465 doentes a aguardar cirurgia, seguindo-se o Centro Hospitalar Lisboa Central, com uma lista de 14 mil 147 doentes à espera de serem operados.
Em todos os hospitais do país estavam 221 mil 861 doentes em lista de espera para cirurgia, sendo que 182 mil 608 ainda estavam inscritos dentro do prazo normal.
Autor: Joaquim Martins Fernandes