O Theatro Circo acolheu, ontem, um grande espetáculo no arranque da terceira “Semana Cultural Convergências – Portugal/Galiza, que se prolonga até ao próximo sábado, com eventos de partilha e de grande riqueza cultural.
As honras de abertura couberam ao grupo Canto d'Aqui – que tem persistido neste evento de unidade ibérica, que pretende também destacar as obras de Zeca Afonso e de Rosalía de Castro – e à Banda Militar do Porto, que deixaram rendidos os espectadores, numa sala bem composta.
Antes do início das atuações, os promotores destacaram os momentos marcantes da semana, para a qual convidam todos os bracarenses e galegos, cuja unidade provém em primeiro lugar da língua Galega e do Português, entre as quais «não é necessária tradução».
O evento conta com o apoio da Universidade do Minho, da Câmara de Braga e da Junta da Galiza, entidades que pretendem «reforçar os ancestrais laços de união entre as populações» das duas margens do rio Minho.
«Estamos na Europa e somos uma euro-região unida por séculos de história, cujas duas pátrias nos separaram conjunturalmente, mas que partilhamos muitas mais coisas do que aquelas que nos dividem», assinalou o vice-presidente da Câmara Firmino Marques, que lembrou o caminho de «persistência e resistência» feito pelos Canto d'Aqui, ao longo destas três edições, mas que agora atinge «um novo patamar com grandes valores culturais».
«Temos um rio que nos une de uma forma que só os raianos entendem, mas temos motivos mais que suficientes para reforçar esta nossa relação e a solidariedade expressa pelas nossas populações», afirmou o vice-presidente.
No momento de abertura, o vice-presidente do Conselho Cultural da Universidade do Minho, Henrique Barreto Nunes, destacou que a Universidade tem «uma série de unidades culturais que incrementam as ligações entre a região Minho e a Galiza», além da existência de um Centro de Estudos Galegos, que tem contribuído para «aprofundar o conhecimento» dos valores e raízes comuns a todo este território.
«Os eventos que ligam o Minho e a Galiza são uma marca constante, sejam encontros, exposições, recitais, concertos, feiras ou festivais», lembrou.
Também o representante da Junta da Galiza destacou a vontade de uma «cada vez maior aproximação» da Galiza a Portugal e à língua portuguesa.
«Temos nesta semana diversos embaixadores da cultura galega e não podemos deixar de destacar as obras de Rosalía de Castro, que tirou a língua galega da penumbra, e de Zeca Afonso, que também partilhou a nossa cultura», afirmou Fernando Groba, do Centro de Estudos Galegos da UMinho, que assumiu a representação da Junta.
Este responsável realçou «a vontade da língua galega se aproximar e integrar na Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa, desde que em 2015 foi publicada uma lei que visa o reforço do Galego junto dos países lusófonos». E durante a semana, em Português ou em Galego, todos são convidados a apreciar e a aprender muito mais sobre estas culturas.
Autor: José Carlos Lima