A campanha em favor da Leonor – uma bebé de Vila Nova de Gaia que sofre de neuroblastoma infantil – dedicou a manhã de ontem à realização de uma caminhada solidária.
Na ação promovida por uma jovem estudante do curso de Técnico Auxiliar de Saúde da Escola Profissional de Braga participaram três centenas de pessoas de todas as idades, adesão que permitiu arrecadar cerca de mil euros para uma causa que foi lançada em Braga, em finais de 2016.
A realização da caminhada solidária inscreveu-se no âmbito das provas de aptidão profissional que os finalistas do Curso de Técnico de Auxiliar de Saúde da EPB têm que fazer.
A jovem Catarina Rodrigues aproveitou o facto de a Escola Profissional de Braga ter aderido à campanha das latinhas em favor da Leonor – a medida reside na recolha de donativos – para levar mais longe a ação de solidariedade a favor da bebé de Gaia.
«A minha professora sugeriu-me a realização de iniciativas centradas na doença da Leonor, por entender que essa seria uma forma de conseguir uma maior angariação de fundos», disse a jovem estudante.
Além das campanhas de divulgação da doença que afeta a menina, a finalista do curso técnico de auxiliar de saúde avançou para a realização da caminhada solidária de ontem. «É uma forma de dar maior visibilidade ao problema que pretendemos ajudar a resolver e de conseguirmos o máximo de fundos possível», acrescentou a Catarina Rodrigues.
A jovem fez saber que a campanha de solidariedade também passou pela Gala do Pudim Abade de Priscos. A rede solidária em favor de Leonor integra ainda «a colocação de latinhas para recolha de donativos» em vários estabelecimentos comerciais das cidades de Braga e de Gaia e a venda de produtos de artesanato.
As atividades realizadas desde novembro de 2016 já permitiram angariar 15 mil euros. «Mas não vamos parar enquanto não forem atingidos os 300 mil euros que são precisos para o tratamento da Leonor», sublinhou Catarina Rodrigues, manifestando-se convicta que «essa meta será concretizada».
Em Gaia também decorrem iniciativas similares às que estão a ser realizadas em Braga. As latinhas destinadas à recolha de donativos estão também disponíveis em vários estabelecimentos comerciais da cidade.
IPO recomenda tratamento nos EUA mas Estado não dá apoio financeiro
Para se livrar da doença que lhe coloca a vida em risco, a Leonor precisa de realizar um tratamento avançado nos Estados Unidos da América. Trata-se do recurso a uma cirurgia complexa, mas que tem um custo de 300 mil euros.
Sandra Mesquita, que é prima da Leonor, disse ontem ao Diário do Minho que a necessidade do tratamento ser feito nos Estados Unidos da América resulta do facto de não haver, em Portugal, um tratamento adequado ao caso específico da prima.
«A Leonor tem cancro infantil muito raro e o tratamento que é feito em Portugal consiste em sessões de quimioterapia, em cada um dos vários pontos do neuroblastoma», precisou Sandra Mesquita, fazendo saber que nos EUA a doença de que sofre a Leonor «é tratada, com um elevado grau de eficiência, através de uma cirurgia».
Mas apesar de o recurso ao tratamento norte-americano ser defendido pelos próprios médicos do Instituto Português de Oncologia do Porto que acompanham a bebé de Gaia, «nem o Serviço Nacional de Saúde nem qualquer outra entidade do Estado disponibilizam qualquer tipo de ajuda financeira», acrescentou a jovem, precisando que a ausência da Leonor e da mãe na caminhada solidária de ontem foi motivada pela necessidade de mais uma sessão de quimioterapia no IPO.
Destaque
O Neuroblastoma é um cancro pediátrico que representa entre 8% a 10% dos casos de tumores em crianças. Afeta diversos pontos do sistema nervoso simpático, que é responsável por estimular ações que permitem ao organismo responder a situações de stress e impulsos, como lutar ou começar uma discussão.
Estes tumores têm origem embrionária e ocorrem, sobretudo, em crianças com idade inferior a cinco anos. São geralmente diagnosticados nos primeiros dois anos de vida.
Autor: Joaquim Martins Fernandes