twitter

«As cerimónias estão muito mais valorizadas»

«As cerimónias estão muito mais valorizadas»
Fotografia

Publicado em 08 de março de 2019, às 09:00

Testemunhos

Há cerca de 60 anos que o cónego António Macedo, capelão da Santa Casa da Misericórdia, vive intensamente as Solenidades da Semana Santa de Braga, as quais considera que têm sido engrandecidas com a introdução de várias iniciativas de índole cultural e religiosa. Numa breve entrevista ao Diário do Minho, o responsável apontou algumas curiosidades relacionadas com esta manifestação religiosa que, todos os anos, atrai à cidade milhares de pessoas. Uma delas prende-se com a ornamentação das artérias pelas quais passavam as procissões e que, na década de 50, era variável consoante o episódio bíblico retratado. «Na procissão de Quinta-feira Santa as ruas tinham uma ornamentação roxa, na Sexta-feira a negro e, de Sábado para Domingo, passava a branco. Faziam tudo de noite. Era uma despesa muito grande porque o percurso era sempre o mesmo e mudar isso tudo era fantástico»,recordou. Por outro lado, a preparação dos Passos que, apesar de se tratar de uma organização da Irmandade de Santa Cruz, era feita por zonas, pelos populares. «Não havia a homogeneidade que há hoje. Antigamente havia o dos bombeiros, o dos comerciantes do Campo de Santiago,... Havia o gosto popular aplicado à realidade da paixão, portanto havia mais variedade», explicou o cónego. As mudanças das últimas décadas estendem-se ainda à liturgia, que era toda ela em latim. Para o responsável, esta alteração para as várias línguas, como o português, é algo de positivo. A forte adesão turística às Solenidades da Semana Santa de Braga é outra das grandes mudanças. «Isto era uma enchente mas eram pessoas de Braga e das aldeias e terrinhas à volta. Mas agora não. Agora temos gente que vem do Canadá, do Japão, de todo o lado», disse, atribuindo esta subida da afluência à maior promoção da cidade e, ainda, à introdução de eventos culturais, que inclui espetáculos musicais e exposições. «As cerimónias estão muito mais valorizadas agora», considerou.
Autor: Cónego António Macedo