A Arquidiocese de Braga mostra-se «disponível para um diálogo que possa conduzir a uma solução positiva, conciliadora de tudo o que é defensável» relativamente à situação do “Bairro dos Ciganos”, construído em terrenos da circunscrição eclesiástica.
Na última reunião de Câmara, a CDU, pela voz de Carlos Almeida, deu conta de supostas ilegalidades praticadas no processo de construção do Bairro Social do Picoto, que impediram que a candidatura apresentada pela edilidade bracarense para que a reabilitação das habitações fosse financiada com apoios europeus. Todos os prédios que acolhem 80 famílias estão implantados em terrenos da Arquidiocese e alguns dos edifícios entraram em situação de pré ruína. A maioria das habitações, denunciou o vereador da CDU, não reúne condições mínimas de habitabilidade.
Na reunião que decorreu no dia 12 de novembro, Ricardo Rio fez saber que a autarquia e a Empresa Municipal de Habitação de Braga estão a tentar encontrar «uma solução de recurso» para o problema, depois de ter sido chumbada a candidatura que apresentou para reabilitar o bairro social e que previa um investimento próximo de um milhão de euros, no âmbito do Plano de Estratégico de Desenvolvimento Urbano desenhado para a zona sul da cidade.
O líder do executivo camarário lembrou que ainda hoje as habitações em causa «estão em situação ilegal» e sublinhou que havia um compromisso entre as partes que previa que o Município de Braga permutasse terrenos com a Arquidiocese de Braga, que nunca foi cumprido pela Câmara Municipal, apesar de estar em causa um bairro que o Município construiu na década de oitenta do século passado.
«Esse acordo, assumido por Mesquita Machado, então presidente da Câmara Municipal de Braga, já não poderá ser cumprido, porque os terrenos que eram para permutar com a Arquidiocese foram usados pelo Executivo de Mesquita Machado para construir as novas acessibilidades rodoviárias» que ligam a cidade ao cume do Monte Picoto.
Em nota enviada ao
Diário do Minho, a Arquidiocese de Braga refere que «comunga da ideia e abraça o ideal de para todos se conseguir uma habitação condigna» e «lamenta profundamente a triste situação de vida a que estão sujeitos os moradores do Bairro dos Ciganos», sublinhando que deseja para todos «dignidade, salubridade, higiene, decência».
No documento, assinado pelo responsável pelos Bens Patrimoniais da Arquidiocese bracarense, a circunscrição eclesiástica mostra-se, como sempre, «disponível para um diálogo que possa conduzir a uma solução positiva, conciliadora de tudo o que é defensável, a saber: a dignidade dos moradores, num cenário que albergue a caridade sem menosprezo pela justiça».
O cónego José Paulo Abreu sustenta que «a Arquidiocese de Braga continua a acreditar na vontade efetiva da Câmara em solucionar os muitos problemas que no Monte Picoto têm palco» e que, se assim o desejar, conseguirá atingir o duplo objetivo de a ninguém lesar, potenciando simultaneamente o bem estar de todos os cidadãos, os do Monte Picoto ou, em concreto, do Bairro dos Ciganos, incluídos».
Autor: Alexandre Gonzaga