O compasso pascal está hoje de volta à Rua da Boavista, conhecida também por Rua da Cónega. Depois de dois anos sem visita pascal, devido às restrições decretadas para combate à pandemia, os moradores desta artéria do centro histórico de Braga aguardam com entusiasmo o regresso do compasso, constituído por quatro grupos.
No entanto, este regresso está sujeito ainda a alguns condicionalismos. Assim, este ano, durante a visita pascal não é permitido beijar a cruz, sendo os fiéis convidados a fazer uma saudação inclinando-se num gesto de reverência.
Em cada casa será feita uma mini-celebração da Palavra e a cruz é apresentada com solenidade aos presentes, ao que se segue a oração de bênção solene, explicou o cónego Manuel Joaquim da Costa, pároco da Sé, São João do Souto e Cividade.
O compasso pascal saiu às 9h00 da Sé em cortejo rumo à capela do Senhor das Ânsias, na Rua da Boavista, onde pelas 9h30 foi celebrada a Eucaristia. Finda a missa foi iniciada a visita pascal pela zona da Quinta das Hortas, com acompanhamento da Banda de Música de Calvos (Póvoa de Lanhoso)
Páscoa da Cónega é assegurada por famílias da própria rua
O pároco da Sé, S. João do Souto e Cividade desafia a viver a Páscoa como uma celebração de hoje e a transmiti-la e contagia-la aos outros, alertando para o risco de transportar o mistério pascal para o passado e ficar apenas numa evocação do passado. «A Páscoa é de hoje, Jesus Cristo está vivo hoje e nós temos que continuar a desenvolver formas de O encarnar na nossa vida concreta», salientou.
A Páscoa na Rua da Cónega remonta, pelo menos, a 1735, a fazer fé numa inscrição existente na capela do Senhor das Ânsias, construída, a meio da rua, a expensas dos devotos. Desde essa altura que os moradores se organizam e envolvem na decoração da rua por altura da Páscoa. Nas últimas décadas, estes rituais têm atraído muitos visitantes que demandam Braga para viver as tradições e celebrações da Semana Santa.
De tarde, o compasso é recebido na Rua da Cónega, com a presença esperada de centenas de pesoas, recolhendo por volta das 20h00 em cortejo em direção à Sé, entoando o cântico "Queremos Deus".
Autor: Jorge Oliveira