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Cruz Vermelha vai disponiblizar dez cacifos para que sem abrigo possam guardar pertences

Cruz Vermelha vai disponiblizar dez cacifos para que sem abrigo possam guardar pertences
Fotografia DR

Rita Cunha

Jornalista

Publicado em 23 de janeiro de 2025, às 14:26

O projeto será implementado com os cinco mil euros recebidos hoje, depois do 3.º lugar conquistado no prémio AGIR, da REN.

Montar armários e cacifos que permitam às pessoas sem abrigo guardarem, num espaço seguro e acessível 24 horas por dia, os seus pertences e documentação. É este o projeto, denominado “closet4all”, que a delegação de Braga da Cruz Vermelha de Braga vai pôr em prática no próximo mês de fevereiro, depois de distinguida hoje com o 3.º prémio, no valor de cinco mil euros, no âmbito da 11.ª edição do Prémio AGIR da REN, dedicado ao apoio à inclusão desta franja da população.

Atualmente, a CVP de Braga acompanha cerca de 25 pessoas que vivem nas ruas, sendo este um número flutuante. Destas, entre 10 a 15 fazem a sua higiene pessoal no Centro de Alojamento Temporário (CAT) e é a estas pessoas que o “closet4all” se destina, já que os cacifos aí ficarão instalados.

«Queremos proporcionar às pessoas sem tecto que acompanhamos um espaço seguro e digno. Serão dez armários individuais, cada um com uma chave, onde podem guardar em segurança os seus bens pessoais, como medicamentos, documentos, vestuário e produtos de higiene. Isto é importante porque eles guardam as coisas num saco, às vezes perdem-nas ou são roubados e acabam por perder um pouco o controlo das suas vidas», explicou a diretora técnica do Centro de Alojamento Temporário da delegação da CVP Braga, Catarina Santos, em declarações ao Diário do Minho.

Segundo a responsável, este apoio tem ainda a vantagem de proporcionar apoio técnico no que respeita a monitorização dos resultados e do impacto causado no grupo-alvo. 

Para Catarina Santos, a implementação deste projeto poderá significar o «primeiro passo para que as pessoas se aproximem dos serviços existentes. «Acreditamos que os resultados obtidos na melhoria das condições de vida das pessoas poderão contribuir ativamente para o desenvolvimento efetivo dos seus projetos de autonomização», salientou.

Expandir este projeto, aumentando o número de cacifos e colocando-os noutros pontos da cidade de Braga - alguns mais centrais do que o CAT - é uma ideia que Catarina Santos vê com bons olhos, caso o “closet4all” seja bem sucedido. «Será uma experiência inovadora. Se for positiva talvez a repliquemos noutros sítios mais centrais», disse.

Se tudo decorrer como o previsto, e tendo em conta que o trabalho de montagem e instalação é simples, em fevereiro os dez cacifos já estarão prontos a ser utilizados.

O vencedor do Prémio AGIR foi o “Cais Recicla”, da CAIS. Na oficina do “CAIS Recicla”, as pessoas em situação de sem-abrigo apoiadas podem desenvolver as suas competências pessoais e sociais através da criação de produtos como cadernos, bolsas, porta-lápis, porta-cartões ou lápis, todos feitos a partir de materiais reaproveitados e que fomentam a economia circular. 

O projeto foca-se em proporcionar um ambiente de trabalho seguro, que simule dinâmicas laborais e que permite às PSSA desenvolver competências de que necessitam para entrar no mercado de trabalho. 

«Este prémio possibilita que esse legado continue e consigamos transformar ainda mais vidas», explica Alexandre Teixeira, coordenador da CAIS Porto. Com a vitória no Prémio AGIR, o “CAIS Recicla” vai adicionar outra artesã à equipa, aumentando a capacidade de resposta e otimizando a dinâmica com as pessoas apoiadas. De referir que o projeto apoia normalmente 30 pessoas por ano, das quais cerca de metade são integradas no mercado de trabalho.

Em 2.º lugar ficou o projeto “É um catering”, a implementar em Lisboa pela associação CRESCER. Trata-se de um projeto que replica o modelo do projeto “É um restaurante”, que venceu o Prémio AGIR em 2020. 

“É um catering” visa a integração no mercado de trabalho de pessoas que tenham estado em situação de sem abrigo, jovens ex-reclusos, refugiados e migrantes, através de um serviço de catering com um menu apelativo criado por um chef. Pretende-se que os participantes, cerca de 30 pessoas, sejam integrados no mercado de trabalho através do apoio da CRESCER, em colaboração com restaurantes e empresas parceiras, bem como desenvolver e implementar um modelo de formação, certificado pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, desenhado à medida das necessidades dos beneficiários, nomeadamente em aptidões pessoais e sociais e capacitação profissional. 

Para Florencia Salvia, coordenadora de projetos da associação CRESCER, o Prémio AGIR «contribuirá para fazer face a uma parte dos custos do projeto, nomeadamente recursos humanos e equipamento, essenciais para o bom funcionamento do mesmo». 

O Prémio AGIR, com periodicidade anual, enquadra-se na política de envolvimento com a Comunidade e Inovação Social da REN. A edição deste ano será dedicada ao Apoio a Cuidadores Informais. Ao primeiro classificado é concedido um valor monetário de trinta mil euros, ao segundo quinze mil euros e ao terceiro cinco mil euros