twitter

Espetáculo no Theatro Circo quer levar jovens à reflexão sobre os ideais de Abril

Espetáculo no Theatro Circo quer levar jovens à reflexão sobre os ideais de Abril galeria icon Ver Galeria
Fotografia DR

Jorge Oliveira

Jornalista

Publicado em 06 de novembro de 2024, às 17:39

“Quis saber quem sou - um concerto teatral”, de Pedro Penim, sobe ao palco nos dias 8 e 9 de novembro

O  espetáculo “Quis saber quem sou – um concerto teatral”, de Pedro Penim, sobe ao palco da Sala Principal do Theatro Circo esta sexta-feira e sábado, prometendo duas noites celebrativas dos 50 anos do 25 de Abril envolventes, emotivas e inesquecíveis neste espaço cultural  icónico de Braga.

Canções da Revolução de Abril, palavras de ordem e cantigas de intervenção vão ser revisitadas em Braga num espetáculo, em duas noites, encenado por Pedro Penim e produzido pelo Teatro Nacional D. Maria II.

Cinquenta anos depois, o primeiro verso da canção “E Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, dá o mote a este espetáculo que traz também as histórias pessoais dos que fizeram o 25 de Abril de 74.

Pedro Penim, que já trouxe a Braga outros espetáculos, espera uma grande adesão a estas duas sessões, nos dias 8 e 9 de novembro, na Sala Principal do Theatro Circo, com início às 21h30, em que a Língua Gestual Portuguesa estará integrada no espetáculo. 

«Braga tem um público entusiasta, muito participativo e opinativo, e naturalmente gostaríamos de poder contar com um grande número de espectadores», disse o encenador ao Diário do Minho.

“Quis saber quem sou - um concerto teatral” está em digressão pelo país e, segundo Pedro Penim, a resposta do público nas cidades onde o espetáculo já foi apresentado tem sido bastante expressiva.

«Nota-se grande entusiasmo, as pessoas emocionam-se muito, cantam as canções connosco, há um sentimento coletivo muito significativo, e esperamos que em Braga também se faça a festa que tem acontecido nos espetáculos já apresentados noutros pontos do país», assinalou.

Pedro Penim nota que este espetáculo, além de celebrar os 50 anos do 25 de Abril e homenagear os compositores que escreveram as letras das canções desse período, pretende levar o público, sobretudo o mais jovem, a uma reflexão sobre os ideais de Abril e a forma de os preservar.

«Este é um tema comum a todos os portugueses, quer tenham vivido esse tempo ou não. No fundo, somos todos herdeiros daquilo que foram as lutas pelos nossos direitos fundamentais. Essa relação é muito próxima», disse.    

O espetáculo pretende  também «reavivar junto das gerações mais jovens o cancioneiro e tentar que não se perca a relação com as canções, com os compositores e com os poetas».

Durante o espetáculo são revisitadas também canções oriundas dos PALOP e do Brasil.

“Quis saber quem sou - um concerto teatral” estreou em abril deste ano no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa, e fez parte de um ciclo programático do Teatro Nacional D. Maria II dedicado às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, intitulado “Abril Abriu”, e que decorreu de março a julho deste ano.

Era um dos espetáculos emblemáticos dessa programação e que foi pensado para assinalar as comemorações do 25 de Abril mas também homenagear os compositores e compositoras que escreveram canções a propósito da Revolução ou que se relacionam com esse tema.

O espetáculo assenta numa peça de teatro com texto escrito por Pedro Penim, havendo entre os textos homenagens a essas músicas, algumas mais conhecidas, outras nem tanto, de cariz revolucionário.

As canções são interpretadas por um elenco jovem, que foi escolhido, quase todo, por audição, sob a direção musical de Filipe Sambado e direção vocal de João Neves.

«Passados 50 anos, procuramos aproximar este cancioneiro às novas gerações e a memória é transmitida através de pessoas que viveram na altura da revolução», explicou Pedro Penim.

 A criação deste espetáculo, que junta música e teatro, obedeceu a uma escolha criteriosa de alguns temas musicais dos períodos pré e pós Revolução de 74 que foram revisitados e a uma dramaturgia à volta dessas escolhas. A peça fala sobre os dias de hoje, a partir da herança de Abril.       

«Houve um trabalho bastante cuidado. Todas as canções (quer a letra, quer a música) apontam no sentido da resistência. Foram compostas antes e imediatamente depois do 25 de Abril. Hoje em dia, elas adquirem um significado de alguma forma diferente, estamos numa época completamente diferente, mas curiosamente são canções que continuam a fazer sentido. E, sobretudo, nesta fase algo conturbada, do ponto de vista político e social, que o nosso país está a atravessar, fazem ainda mais sentido e incitam, de alguma, maneira, a uma reflexão sobre os ideais de Abril e como é que podemos zelar para que eles se mantenham ativos», acrescentou o encenador.

No dia 9, às 15h00, haverá uma conversa no Theatro Circo sobre estas temáticas com Pedro Penim e a curadora Magda Henriques.

 Os bilhetes para o espetáculo estão a disponíveis a 15 euros (7,5 euros c/ cartão Quadrilátero) no Theatro Circo, locais habituais, e online em https://www.bol.pt.