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Aldeia das Religiões alcançou grande objetivo de fomentar a tolerância e a fraternidade

Aldeia das Religiões alcançou grande objetivo de fomentar a tolerância e a fraternidade
Fotografia Avelino Lima

Carla Esteves

Jornalista

Publicado em 22 de junho de 2024, às 18:45

Iniciativa termina hoje com elementos de 40 confissões religiosas a assistirem juntos ao jogo da Seleção Nacional

A Aldeia das Religiões, que hoje terminou em Priscos, chegou ao fim com a satisfação de ter alcançado o seu grande objetivo, que consistiu no fomento da tolerância, da fraternidade e do diálogo entre religiões.

O padre João Torres, pároco de Priscos e mentor da Aldeia das Religiões, considera que «esse objetivo foi conseguido», salientando que entre muitos outros visitantes, marcaram presença «grupos de catequese que se organizaram e que vieram à Aldeia com as suas crianças, além de terem decorrido várias atividades de confissões religiosas».

«Acho que temos que ter esta ousadia de criar coisas improváveis que já foram inventadas por Jesus. Não fui eu que inventei a Aldeia das Religiões, aliás Jesus fez muitos milagres a pessoas que não tinham qualquer tipo de religião e o grande desafio é que se eu acredito em Jesus e sei que Ele é para todos, por que razão não devemos reunir-nos  todos à volta desta ideia de comunhão?», questionou o sacerdote.

Realçando que «Deus tem vários nomes», o padre João Torres considerou que «o problema começa quando eu começo a dizer que só tem um» .

Hoje à tarde vive-se outro momento ímpar na Aldeia das Religiões, em Priscos,  já que membros de 40 confissões religiosas assistem juntos ao jogo de Seleção Nacional, frente à Turquia, numa iniciativa inédita em Portugal para tentar criar uma corrente de fé.

«Se todos os jogadores, sendo diferentes, jogando em clubes diferentes, se unem todos para que o país ganhe, porque todos representam Portugal, como seria se todas as religiões que temos no nosso país, se todos lutássemos por um país melhor, mais inclusivo, mais fraterno? Seria maravilhoso!», argumentou.

Para o padre João Torres «se todas as religiões que estão em Portugal tivessem o sentido do coletivo que leva os jogadores, individualmente, a contribuir para o todo, certamente teríamos um país  muito mais tolerante em que os discursos de ódio iriam desaparecendo ou não teriam tanto valor».

«O espírito que preside à Seleção Nacional é o mesmo espírito que preside à Aldeia das religiões», afirmou.

Ainda em jeito de balanço da Aldeia da Religiões, o padre João Torres reforçou que «correu tudo bem» e que «há um certo mistério de ver várias pessoas de várias confissões religiosas, todas juntas à mesma mesa, respeitando as tradições alimentares de cada um, mas todos a conversar uns com os outros e a respeitar-se».

«Se um bebe chá, se outro bebe vinho, se um come comida vegetariana, se outro come frango, todos se respeitam. E é interessante também participarem nas atividades uns dos outros, em que alguém se dispõe a descalçar para ouvir o que o outro tem a dizer sobre a sua ideia de Deus, sobre como é que vêem o mundo, qual é a sua doutrina. Essa experiência também é fantástica», assegurou o mentor do projeto.