Quando a campanha “Uma ambulância para a Ucrânia” foi lançada, no dia 24 de agosto do ano passado, Dia da Independência da Ucrânia, a expetativa era a de conseguir enviar para este país em guerra um veículo que pudesse ajudar no socorro a quem mais precisava, sendo, ainda assim, «uma meta longínqua». O facto é que, na altura, ninguém podia imaginar que, com o empenho de tantas pessoas e instituições, se pudessem alcançar os resultados atuais, sendo esta já a quinta ambulância que Braga envia para a Ucrânia.
Porém, a campanha não está encerrada, faltando ainda alcançar mais um objetivo: enviar uma sexta ambulância para um hospital para pessoas com necessidades especiais.
«Este é um projeto que nunca será fechado porque pode sempre aparecer uma entidade, um mecenas que queira contribuir para mais um veículo», afirmou o vereador Altino Bessa, ontem, durante a apresentação pública do veículo, que hoje partirá para a Ucrânia, e que, desta vez, foi oferecido pelos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim.
Medicamentos na “bagagem”
A viatura de socorro destina-se a um hospital de cuidados intensivos e transporta medicamentos recolhidos em Braga, contando, mais uma vez, com a ajuda da Santa Casa da Misericórdia de Braga. Na “bagagem” vão também redes de pesca, que serão utilizadas para camuflagem dos veículos de guerra, bem como roupa e alimentos para uma família que está a passar grandes necessidades.
As ambulâncias que até agora partiram de Braga para a Ucrânia estão todas em atividade, ajudando a salvar vidas, à exceção de um dos veículos, que acabou por se extraviar, o que, segundo Altino Bessa, significa que «tem valido a pena», que tem feito a diferença».
O vereador da Proteção Civil lembrou que recentemente os Bombeiros Sapadores de Braga também enviaram para este país em guerra um total de 20 equipamentos de proteção individual, em perfeito estado que, de acordo com o feedback recebido, estão a ser utilizados em pleno.
Na abertura da sessão, o presidente da União de Freguesias de Maximinos, Sé e Cividade, Luís Pedroso, recordou que a causa da solidariedade dos bracarenses com a Ucrânia começou em 2014, aquando da invasão da Crimeia, e desde então não mais parou, estando a União de Freguesias sempre solidária com esta causa que tem contado com o apoio de tantos bracarenses.
O presidente do UPE-Centro social e Cultural Luso Ucraniano, mais conhecido por Associação Luso -Ucraniana de Braga, Abraão Veloso, reforçou o facto de prosseguirem a violência e a devastação causadas pela guerra, lembrando que a única ajuda que poderemos dar a este povo é contribuir para, de alguma forma, minorar a tragédia do povo.
Abrão Veloso reforçou que, paralelamente, a “Campanha Ama a Ucrânia” já enviou um camião com 24 toneladas de alimentos, iniciando-se agora um novo esforço para que, no mês de agosto, possa ser enviado um novo camião abastecido.
«Agora há um novo objetivo, que passa por enviar para a Ucrânia, já no mês de agosto, um camião com alimentos. Por isso faço aqui um apelo aos bracarenses e às empresas de Braga, para que possam dar o seu contributo neste desafio», lançou o repto Altino Altino Bessa.
Recolha de cera usada e latas para aquecimento
Entretanto, Abraão Veloso revelou que estão a ser preparados aquecimentos para o Inverno rigoroso na Ucrânia, nomeadamente velas, que são confecionadas manualmente em ateliers, que têm decorrido em vários locais da cidade, como a Quinta Pedagógica de Braga; a APPACDM – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental; a Escola Secundária de Maximinos ou a Escola de Gualtar.
«Vamos prosseguir com a recolha de cera usada, cartão canelado, e latas de atum, salsichas ou outras, que depois são cortadas à medida, e que podem servir para aquecer as mãos dos soldados na frente de combate, ou as casas das zonas que ficaram sem luz elétrica durante os ataques», revelou.
A cera, que pode ser proveniente de Igrejas, cemitérios, santuários, ou outros locais, pode ser entregue na União de Freguesias de Maximinos, Sé e Cividade ou na Quinta Pedagógica de Braga.
Pedro Stepanees, o motorista que conduzirá esta quinta ambulância para a Ucrânia, agradeceu a solidariedade de Braga, da Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim, e dos portugueses em geral, vincando que esta ajuda não passa despercebida ao povo ucraniano, que é muito grato.