O bispo de Leiria-Fátima, D. José Ornelas, deixou, hoje, um apelo para que o 5.º Congresso Eucarístico Nacional (CEN), que decorre em Braga, «ajude a nossa Igreja a partilhar os dons que o Senhor coloca à sua disposição em cada irmão e irmã, para partilharmos em comunidade e para oferecer aos que mais precisam».
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) presidiu à missa que inaugurou o segundo dia de trabalhos do CEN, a decorrer no Forum Braga, com o tema “Partilhar o Pão, alimentar a Esperança. Reconheceram-n’O ao partir o Pão».
Durante a homilia vincou que «estamos a celebrar este CEN, em tempos de rápida e radical mudança em todo o mundo e que nos apresenta desafios novos que não é fácil enfrentar».
«A Palavra de Deus que hoje nos é dirigida, fala também de tempos difíceis, que exigem fé e comunhão com o Espírito do Senhor ressuscitado, confiança no poder e no amor de Deus e um discernimento no Espírito, para viver e anunciar o Evangelho, com verdade e coragem, com alegria e esperança», disse.
Dirigindo-se em particular às pessoas «desanimadas com os escândalos, os abusos», na Igreja, D. José Ornelas sustentou que ninguém deve esperar uma comunidade «perfeita» para fazer parte dela.
«Nunca haverá uma Igreja perfeita»
«Nunca haverá uma Igreja perfeita. Somos uma Igreja em caminhada», defendeu», apelando a que «façamos festa porque o Senhor está no meio de nós e este CNE é também o convite que Ele nos faz para a sua festa».
«Aceitemos o convite que Ele nos faz para a Sua festa, porque é Ele que a prepara, mas vai dizer e pedir que levemos também do peixe que pescámos, pois, na Eucaristia, que resume o ser da Igreja, a festa é sempre d’Ele, mas pede sempre aos seus discípulos que convidem», afirmou.
D. José Ornelas sublinhou assim importância da Eucaristia, enquanto “ponte” para levar as comunidades católicas a quem mais precisa, e apelou à partilha do «pão da vida, da solidariedade, da presença, da misericórdia».
A reflexão aconteceu no seguimento da evocação da memória litúrgica de São Justino (séc. II), teólogo e mártir, a quem o Prelado se referiu como «um Santo do diálogo», ao qual se deve a mais antiga descrição da Eucaristia como encontro organizado pela Igreja, para atualizar a presença viva de Jesus, no seio de uma comunidade perseguida.
Deu ainda como exemplo comunidades que hoje vivem experiências semelhantes, designadamente em Moçambique, em Angola e no Iraque.