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Caminhada pela Vida pede políticas públicas que protejam a vida desde a conceção à morte

Caminhada pela Vida pede políticas públicas que protejam a vida desde a conceção à morte
Fotografia Diana Carvalho

Carla Esteves

Jornalista

Publicado em 06 de abril de 2024, às 19:45

Faltam mais apoios durante a gravidez e reforçar os cuidados continuados e paliativos

Centenas de pessoas  caminharam hoje pelas ruas de Braga, reafirmando o primado da Vida e da dignidade humana.  A iniciativa, organizada em Braga pela In Familia, decorreu também nas cidades de Lisboa, Aveiro, Porto, Viseu, Coimbra, Évora, Funchal, Guarda,  Santarém, Faro e Lamego,  juntando milhares de pessoas de Norte a Sul de Portugal, na defesa e respeito pela vida humana desde a conceção à morte natural.

 A presidente da Associação In Família, Eva Almeida, realçou que são 12 as capitais de distrito que se uniram para «defender a vida», dando continuidade a uma iniciativa que surgiu em 1998, por ocasião do primeiro referendo do aborto, e após um interregno prosseguiu sem interrupções desde 2012. No início a caminhada circunscreveu-se a Lisboa, mas com o passar do tempo foi-se expandindo geograficamente como forma de celebração da vida.

«Nós não queremos, de forma alguma, que as pessoas que praticam o aborto ou a eutanásia sejam criminalizadas ou penalizadas. O que pretendemos é que as pessoas que estão em condições de fragilidade sejam ajudadas e tenham condições para decidir com liberdade e pela vida», afirmou Eva Almeida, considerando «sintomático que em Portugal em cada cinco gravidezes uma resulte em aborto e que em 2023 tenham acontecido 73 milhões de abortos a nível mundial».

A presidente da In Família alertou que na região de Braga, por dois milhões de habitantes há apenas dez camas de cuidados paliativos, considerando que «tem que haver um investimento público a nível do sistema de saúde de maneira a garantir o apoio aos mais frágeis, nomeadamente quanto aos cuidados paliativos».

Defendeu igualmente a ajuda às mulheres em início de gravidez, garantindo todos os apoios necessários aquando da existência de diagnósticos pré-natal de deficiência».

«As pessoas não têm apoios e é isso que tem de mudar a nível de investimento público porque o que nós queremos é uma sociedade humanista, que pense nas pessoas em primeiro lugar», afirmou Eva Almeida.

Este ano, além de famílias, grupos de amigos e entidades públicas, foram várias as organizações que participaram na iniciativa, garantindo uma pluralidade de expressões, como o demonstraram as tendas da Associação Famílias, do Instituto Monsenhor Airosa (IMA) e  do Poverello, instituições que diariamente manifestam no terreno os seus ideais pró-vida.

O diretor geral do Poverello, frei Jacó Silva, afirmou que «enquanto centro de acolhimento e cuidados continuados e paliativos, o Poverello sente todos os dias a difícil realidade da cultura do descarte, que defende que quando a pessoa perde a sua utilidade tem que ser descartada».

«A nossa meta é assegurar a dignidade da pessoa do começo ao fim da vida e é isso que os cuidados paliativos garantem e por isso aderimos à participação nesta caminhada», argumentou, acrescentando que «todos nós somos dignos e somente Deus, que dá a vida, pode tirar a vida».

Por seu turno, o fundador da Associação Famílias, Carlos Aguiar Gomes, argumentou que «não nos devemos envergonhar do dom da vida, que em nosso entendimento começa com a conceção e acaba com a morte natural».

Presente na caminhada, à semelhança de outras figuras políticas e públicas da cidade, o vereador da Câmara Municipal de Braga, Altino Bessa, salientou que as crianças com necessidades especiais também representam o que deve ser a proteção da vida na sua conceção absoluta».

«Faltam políticas, principalmente na questão da deficiência, que é o “parente pobre” das políticas nacionais, como é o caso da falta de lares residenciais para pessoas cuja retaguarda familiar é cada vez menor. Queremos deixar o testemunho que todas as vidas contam e principalmente estas que são as mais desprotegidas», afirmou.