Na apresentação da VIII edição do Ciclo de Conferências da Nova Ágora, o Arcebispo de Braga lembrou que esta é uma «nova realidade» que deve ser «devidamente orientada», caso contrário poderá virar-se «contra a própria humanidade».
«Que este olhar credenciado e reconhecido dos especialistas presentes [no ciclo de conferências] nos possa lançar novos olhares e possamos olhar, sem medo, para esta nova realidade constituída por homens mas que pode ser contra a humanidade se não for devidamente orientada», referiu. Aqui, destacou «um campo enorme de construção da paz, da humanidade e da fraternidade», mas também, «como alguns especialistas têm feito notar», o facto de «poder desvirtuar na sua missão, por exemplo no que respeita a espionagem ou roubos». «Abre-se aqui um portal enorme, mas que seja de ajuda a uma nova configuração da humanidade e onde todos se possam incluir», disse, acrescentando igualmente os desafios que acarreta para a educação, para as famílias, para a Igreja, para a política e para a sociedade no seu todo.
Sobre a Nova Ágora, D. José Cordeiro considerou-a «uma praça que a Arquidiocese [de Braga] criou no diálogo com todos, crentes e não crentes», no sentido de «ouvir» porque «nada do que é humano é indiferente à ação evangelizadora da Igreja».
Salientou, ainda, a atualidade do assunto uma vez que o tema escolhido vai ao encontro da mensagem do Papa Francisco para o 58.° Dia Mundial das Comunicações Sociais que se assinala a 12 de maio deste ano – “Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana” – e que já tinha também sido escolhida por ocasião do 57.º Dia Mundial da Paz, no passado mês de janeiro – “Inteligência Artificial e Paz”.
«Isto dá força de atualidade ao próprio ritmo do ano litúrgico na Igreja e de ação evangelizadora que vai acontecendo e, de maneira especial, no processo sinodal no qual a Inteligência Artificial entra como grande desafio, não como desconforto, mas como abertura, e sobretudo o nosso contributo para que ela não deixe de ser humana e de humanizar», disse.
Vincando que «levar Jesus a todos e todos a Jesus passa por conhecer todas as realidades e também ver o melhor modo como o apresentar», o Arcebispo de Braga acredita que, não substituindo o que somos nem a ação da Igreja, este olhar «pode ajudar-nos a realizar melhor a missão que nos está confiada e possamos, com serenidade, esperança e paz, olhar o futuro e todas estas inovações tecnológicas para que sirvam melhor a humanidade porque um dos perigos que pode acontecer é que a tecnologia se torne numa tecnocracia e isso não é benéfico para a humanidade», disse.
D. José Cordeiro terminou convidando «os que puderem e quiserem» a participar nestes três momentos de olhares sobre os direitos humanos e a Inteligência Artificial no seu todo.
Sessões contam com oradores com formação em diversas áreas
A primeira sessão da Nova Ágora 2024 realiza-se no dia 8 de março e tem por tema “Inteligência artificial”. Um dos oradores é Paulo Novais, professor catedrático do Departamento de Informática da UMinho, onde lidera o laboratório ISLab do Centro ALGORITMI, e coordenador do maior laboratório associado de Portugal, o LASI, presidindo ainda a assembleia-geral da Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial. A este junta-se Hélder Coelho, considerado um pioneiro da Inteligência Artificial (IA) em Portugal, é Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Lisboa no Departamento de Informática da Faculdade de Ciências e membro Efetivo da Academia de Engenharia de Portugal. A moderação é do jornalista Daniel Catalão, especializado em novas tecnologias e internet.
A segunda sessão, a 15 de março, abordará “Inteligência artificial e democracia”. A mesma contará com as intervenções de Daniel Innerarity – professor de filosofia política e social, investigador “Ikerbasque” na Universidade do País Basco e titular da cátedra de Inteligência Artificial e Democracia no Instituto Europeu de Florença – e Miguel Poiares Maduro – professor convidado da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa e ex-diretor da Escola de Governação Transnacional do Instituto Universitário Europeu, em Florença, Itália. Foi ainda ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional e advogado-geral no Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias.
A terceira e última sessão está marcada para o dia 22, e vai debater “Direitos humanos”, sob a moderação do jornalista da CNN Júlio Magalhães. Esta sessão contará com dois oradores: Susana Mourato Alves-Jesus, doutorada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, licenciada e mestre em Estudos Clássicos e que, atualmente, é gestora do projeto “Dignipédia Global: Sistematizar, Aprofundar e Defender Direitos Humanos em Contexto de Globalização”; e Maria Manuel Leitão Marques, licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra, doutorada e agregada em Economia. Em 2019 foi eleita deputada ao Parlamento Europeu e desenvolve trabalho nas áreas do digital, da ciência e inovação, da proteção dos consumidores e segurança dos produtos, e da igualdade de género.
Todas as sessões têm entrada livre e decorrem das 21h00 às 23h00, no auditório do Espaço Vita.