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Arcebispo lembra uma «nova realidade» que deve ser «devidamente orientada»

Arcebispo lembra uma «nova realidade» que deve ser «devidamente orientada»
Fotografia Avelino Lima

Rita Cunha

Jornalista

Publicado em 28 de fevereiro de 2024, às 09:52

D. José Cordeiro salientou a atualidade do tema debatido, o qual também já foi escolhido pelo Papa Francisco.

Na apresentação da VIII edição do Ciclo de Conferências da Nova Ágora, o Arcebispo de Braga lembrou que esta é uma «nova realidade» que deve ser «devidamente orientada», caso contrário poderá virar-se «contra a própria humanidade». 

«Que este olhar credenciado e reconhecido dos especialistas presentes [no ciclo de conferências] nos possa lançar novos olhares e possamos olhar, sem medo, para esta nova realidade constituída por homens mas que pode ser contra a humanidade se não for devidamente orientada», referiu. Aqui, destacou «um campo enorme de construção da paz, da humanidade e da fraternidade», mas também, «como alguns especialistas têm feito notar», o facto de «poder desvirtuar na sua missão, por exemplo no que respeita a espionagem ou roubos». «Abre-se aqui um portal enorme, mas que seja de ajuda a uma nova configuração da humanidade e onde todos se possam incluir», disse, acrescentando igualmente os desafios que acarreta para a educação, para as famílias, para a Igreja, para a política e para a sociedade no seu todo.

Sobre a Nova Ágora, D. José Cordeiro considerou-a «uma praça que a Arquidiocese [de Braga] criou no diálogo com todos, crentes e não crentes», no sentido de «ouvir» porque «nada do que é humano é indiferente à ação evangelizadora da Igreja».

Salientou, ainda, a atualidade do assunto uma vez que o tema escolhido vai ao encontro da mensagem do Papa Francisco para o 58.° Dia Mundial das Comunicações Sociais que se assinala a 12 de maio deste ano – “Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana” – e que já tinha também sido escolhida por ocasião do 57.º Dia Mundial da Paz, no passado mês de janeiro – “Inteligência Artificial e Paz”.

«Isto dá força de atualidade ao próprio ritmo do ano litúrgico na Igreja e de ação evangelizadora que vai acontecendo e, de maneira especial, no processo sinodal no qual a Inteligência Artificial entra como grande desafio, não como desconforto, mas como abertura, e sobretudo o nosso contributo para que ela não deixe de ser humana e de humanizar», disse.

Vincando que «levar Jesus a todos e todos a Jesus passa por conhecer todas as realidades e também ver o melhor modo como o apresentar», o Arcebispo de Braga acredita que, não substituindo o que somos nem a ação da Igreja, este olhar «pode ajudar-nos a realizar melhor a missão que nos está confiada e possamos, com serenidade, esperança e paz, olhar o futuro e todas estas inovações tecnológicas para que sirvam melhor a humanidade porque um dos perigos que pode acontecer é que a tecnologia se torne numa tecnocracia e isso não é benéfico para a humanidade», disse.

D. José Cordeiro terminou convidando «os que puderem e quiserem» a participar nestes três momentos de olhares sobre os direitos humanos e a Inteligência Artificial no seu todo. 

Sessões contam com oradores com formação em diversas áreas

A primeira sessão da Nova Ágora 2024 realiza-se no dia 8 de março e tem por tema “Inteligência artificial”. Um dos oradores é Paulo Novais, professor catedrático do Departamento de Informática da UMinho, onde lidera o laboratório ISLab do Centro ALGORITMI, e coordenador do maior laboratório associado de Portugal, o LASI, presidindo ainda a assembleia-geral da Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial. A este junta-se Hélder Coelho, considerado um pioneiro da Inteligência Artificial (IA) em Portugal, é Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Lisboa no Departamento de Informática da Faculdade de Ciências e membro Efetivo da Academia de Engenharia de Portugal. A moderação é do jornalista Daniel Catalão, especializado em novas tecnologias e internet.

A segunda sessão, a 15 de março, abordará “Inteligência artificial e democracia”. A mesma contará com as intervenções de Daniel Innerarity – professor de filosofia política e social, investigador “Ikerbasque” na Universidade do País Basco e titular da cátedra de Inteligência Artificial e Democracia no Instituto Europeu de Florença – e Miguel Poiares Maduro – professor convidado da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa e ex-diretor da Escola de Governação Transnacional do Instituto Universitário Europeu, em Florença, Itália. Foi ainda ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional e advogado-geral no Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias. 

A terceira e última sessão está marcada para o dia 22, e vai debater “Direitos humanos”, sob a moderação do jornalista da CNN Júlio Magalhães. Esta sessão contará com dois oradores: Susana Mourato Alves-Jesus, doutorada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, licenciada e mestre em Estudos Clássicos e que, atualmente, é gestora do projeto “Dignipédia Global: Sistematizar, Aprofundar e Defender Direitos Humanos em Contexto de Globalização”; e Maria Manuel Leitão Marques, licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra, doutorada e agregada em Economia. Em 2019 foi eleita deputada ao Parlamento Europeu e desenvolve trabalho nas áreas do digital, da ciência e inovação, da proteção dos consumidores e segurança dos produtos, e da igualdade de género. 

Todas as sessões têm entrada livre e decorrem das 21h00 às 23h00, no auditório do Espaço Vita.