Foi já perto das três horas de madrugada que os deputados municipais da Assembleia Municipal de Braga levantaram os braços, já com dificuldade, pela exaustão e tardia da hora, para assinalarem o seu sentido de voto nas Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2024 da Câmara Municipal de Braga, cerca de 195 milhões de euros, o maior de sempre. A maioria, formada pela coligação “Juntos Por Braga”, fez valer a sua posição dominante e aprovou o documento, que mereceu os votos contra de quase toda oposição, com exceção do Iniciativa Liberal (IL), que ficou pelo meio termo, ou seja, pela abstenção.
Depois de um longo período antes da Ordem do Dia, o debate do ponto principal da Assembleia Municipal da última sexta-feira, que decorreu no Auditório do Centro Cultural do Carandá, começou quando praticamente ninguém já tinha paciência para ninguém.
Assim, qualquer intervenção parecia uma eternidade, tal a impaciência dos deputados, o que tornou desconfortável até para os intervenientes. Ainda assim, alguns deles, que já tinham a intervenção escrita, optaram por manter o discurso, apesar da sua extensão e da hora muito adiantada.
De um modo geral, num documento onde a oposição só vê defeitos; a maioria, ainda que admita que há algo a melhor, vê sobretudo virtudes, com condições com para se construir um concelho feliz e com futuro.
O primeiro a intervir foi o PAN, que fez saber que enviou 39 propostas, algumas delas aceites, ainda assim insuficiente para merecer um voto favorável. Contudo, Tiago Ferreira considera que se trata de um «Orçamento sem coração».
Quando à CDU notou que enviou 17 propostas para enriquecer as Grandes Opções do Plano para 2024, mas que não foram tidas em consideração por parte da maioria PSD, CDS-PP, PPM e Aliança. Os comunistas entendem que «a inclusão das propostas seria uma contribuição determinante para melhorar as condições de vida dos bracarenses e resolver alguns problemas mais sentidos pelas populações».
Na opinião da CDU, já «cansa a verborreia repetida ano após ano de que irá avançar o Ecoparque das Sete Fontes, a Musealização da Ínsua das Carvalheiras, a regularização do Rio Torto/Variante do Cávado», entre outros projetos. Assim, a CDU votou contra porque considera que está-se longe de atingir a famosa frase deste executivo quanto à construção de uma Braga «próspera, inclusiva, sustentável, vibrante e reconhecida».
O Bloco de Esquerda e o Chega também só viram defeitos a anúncios repetidos nas Grandes Opções do Plano e Orçamento, votando, também contra o documento que vai orientar o Executivo Municipal de Braga.
Da parte do Partido Socialista, a justificação para o chumbo das Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2024 foi feita pelo jovem Bruno Gonçalves, que quis desmontar os «floreados» e virtudes defendidas pela Coligação “Juntos Por Braga”. Com eloquência discursiva, Bruno Gonçalves considerou que no documento «falta muito do tudo e quase nada de Braga», referindo que um de quatro obras anunciadas não foram realizadas.
O deputado do Aliança, Carlos Vaz, fez questão de dizer que a sua intervenção foi baseada na Inteligência Artificial, o que mereceu reparos do PS.
Por isso, após a intervenção de Bruno Gonçalves, João Marques, líder do Grupo do PSD, referiu que «é preferível Inteligência Artificial à inteligência superficial», considerando que a intervenção do deputado do PS falhou no essencial da comunicação, ou seja, no conteúdo.
Depois de ser “picado» pela oposição, especialmente por Bruno Gonçalves, o presidente da Câmara de Braga “forçado” a ir à tribuna defender as Grandes Opções do Plano e Orçamento.
Ricardo Rio fez notar que a maioria dos grupos da oposição apresentou propostas para melhorar o documento, enquanto que o PS não apresentou nenhuma, classificando o facto de «sintomático».
No que diz respeito aos partidos que apoiam a Coligação, o Aliança realçou o facto de este não ser apenas o maior orçamento, 195 milhões de euros, como é também aquele que prevê maior investimento, 57,4 milhões de euros.
O CDS-PP, pela voz de Carlos Neves, destacou as virtudes do documento e formulou um desejo. «Que bom seria que o exemplo de Braga fosse seguido pelo Governo socialista e na governação do país, conseguisse fazer muito mais por Portugal sem capturar cada vez com maior intensidade a riqueza que os portugueses criam com o seu incansável esforço, através de impostos, contribuições taxas e taxinhas que nos cobra. Mas não, essa não é a marca socialista», disse, em tom crítico.
Segundo João Marques, os números do orçamento mostram «um ano histórico, com os valores mais elevados de sempre. São cerca de 195 milhões de euros que serão empregues em mais um ano de grande ambição».
Bruno Machado, do IL, justificou a abstenção com o facto de grande parte das propostas apresentadas não terem sido tidas em conta por parte da Coligação “Juntos Por Braga”, o que melhoraria, em muito, a vida dos bracarenses.