A XVI edição do Presépio ao Vivo de Priscos abriu hoje as portas, debaixo de chuva miudinha, com a presença de mais de uma centena de pessoas, algumas vindas da vizinha Espanha.
O Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, que presidiu à inauguração deste que é considerado o maior presépio ao vivo da Europa, destacou a singularidade desta representação, no ano em que a Igreja comemora os 800 anos do primeiro Presépio, representado em Greccio, Itália, por S. Francisco de Assis.
«Ver o Presépio é ver o rosto das pessoas, de todas as pessoas, e de um modo especial aquelas que mais sofrem, que são vítimas de todo o tipo de violência. Este ano, o Presépio ao Vivo de Priscos salienta as vítimas de tráfico de pessoas, mas ao mesmo tempo recorda-nos que o Natal também é o tempo em que podemos transformar o mal em bem e o caso que hoje nos acompanha é de alguém que soube dar o salto, porque foi bem acolhida, bem integrada e numa relação harmoniosa na comunidade em Braga», frisou o prelado, em declarações aos jornalistas, quando visitava o Presépio.
D. José Cordeiro percorreu o Presépio de Priscos integrado num grupo de convidados onde estavam, entre outros, o presidente da Câmara de Braga, o pároco de Priscos, o presidente da Junta de Freguesia e uma jovem camaronesa que foi vítima de tráfico, atualmente a residir em Braga.
Notando a feliz coincidência da abertura no dia em que se comemorou os 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Arcebispo de Braga considerou que o Presépio de Priscos «é há 17 anos um sinal de esperança não só para Braga, na articulação com o Município e com tantas outras autoridades, mas para todos aqueles que têm a possibilidade de o visitar ou até de o conhecer».
«É uma interpelação cada vez maior para nós de humanizar a humanidade e de transformar o mal em bem», acrescentou.
O prelado espera que as pessoas que vão visitar o presépio se sintam «interpeladas, incomodadas» e façam um esforço por serem «artesãs da paz, do amor, da alegria».
«O Natal não devia ser só numa quadra, mas deveria ser todos os dias», concluiu.
O Presépio ao Vivo de Priscos conta com cerca de 600 figurantes distribuídos por 60 cenários, num espaço de 30 mil m2, junto à igreja paroquial.
Ana Silva, da freguesia de Tadim, era a figurante que fazia de Maria, na gruta do presépio, acompanhada de Pedro Castelo, seu marido, na figura de S. José.
Ao Diário do Minho, o casal disse que é um «orgulho», mas também uma «grande responsabilidade» assumir a representação de duas figuras «tão importantes do Cristianismo».
À entrada do Presépio está montada uma exposição sobre a temática do tráfico humano, constituída por uma dezena de painéis com fotografias de pessoas vítimas desta atrocidade.
Este ano, o Presépio de Priscos toca também na questão da guerra, através do um acampamento militar, que foi melhorado graças a um trabalho assegurado por voluntários ao longo de um ano.
Com este cenário, protagonizado por figurantes vestidos à época romana, a organização pretende dizer aos visitantes que a guerra «é uma maldade humana que deveria ser visitada e não praticada».
O presépio está aberto nos dias 17, 23, 25 e 30 de dezembro e 1,6,7, 13 e 14 de janeiro.