tentes do Lar Residencial Amália Mota e da Cercimarante, de Amarante, estiveram ontem a plantar árvores autóctones na mata do Bom Jesus, em Braga, também com o objetivo de controlar espécies infestantes, como as mimosas. Uma ação carregada de simbolismo, que a Confraria do Bom Jesus agradece, considerando que esta iniciativa mostra a dimensão nacional do Santuário.
Na sua maioria, o grupo foi composto por pessoas com diferentes limitações, quer físicas quer intelectuais. Fragilidades compensadas pela força de vontade e entusiasmo em participar na ação, promovida pela “AMO Portugal”, Associação Mãos à Obra, nascida em Famalicão, mas que já ganhou dimensão nacional.
Rodrigo Oliveira, da Associação e membro do júri da Associação Família de Elite, que anualmente promove a subida de bombeiros aos escadórios do Bom Jesus, explicou ao Diário do Minho que, além de participar na missão de reflorestar o Bom Jesus, contribuindo para a criação da floresta autóctone, esta é também uma forma de agradecer ao Santuário o acolhimento na iniciativa designada de “Os Escadórios da Humanidade”, uma das maiores provas mundiais do género e a principal na Europa.
Quanto aos utentes, só vieram os que quiseram. E os que vieram mostraram que não estavam arrependidos. Afinal, para além de ajudarem na plantação de árvores autóctones, foi também uma oportunidade para saírem da rotina do Lar. Ao todo, foram cerca de duas dezenas de utentes que se deslocaram ao Bom Jesus, munidos com mais de 150 pequenas árvores, sobretudo castanheiros, azevinhos, entre outros, doados pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), de Amarante.
Rodrigo Oliveira fez questão de sublinhar a ação voluntária dos participantes. Ainda assim, este responsável procura arranjar formas de os compensar, com outras saídas mais lúdicas, como ver um jogo de futebol ou visitas ao Zoo de Santo Inácio, na Maia. «É uma forma de os tirar da rotina dos lares e dos seus espaços. Eles gostam e agradecem», garante.
A comitiva de Amarante foi recebida por Varico Pereira, vice-presidente da Confraria do Santuário do Bom Jesus. E foi de enxada nas mãos, também a plantar árvores, que falou ao Diário do Minho sobre esta iniciativa, que encerra em si uma série de vantagens. Varico Pereira revelou que o Bom Jesus «vê com muito bons olhos» esta participação dos utentes do Lar e da Cercimarante, numa ação tão nobre que é a reflorestação da mata do Bom Jesus.
Que, para além de plantar árvores autóctones como sobreiros, castanheiros e azevinhos, visa eliminar as mimosas, controlando a ação infestante proveniente de matas vizinhas. «É bom ver que, apesar da sua fragilidade de vária ordem, estas pessoas estão aqui com uma grande força de vontade e até entusiasmo.
O Bom Jesus congratula-se com esta dinâmica do voluntariado, mostra que o Bom Jesus está aberto ao voluntariado. Aqueles que queiram praticar o voluntariado, podem fazê-lo no Bom Jesus, das mais diversas formas», sublinhou. Por outro lado, Varico Pereira enalteceu o facto de este grupo não ser de Braga, mas que esteve em Braga nesta ação. «Mostra a dimensão regional e nacional do Bom Jesus, que está de braços abertos para acolher todos».
Este responsável referiu-se, igualmente, à dimensão da sustentabilidade climática, fazendo ligação, por um lado, à COP28 – Cimeira do Clima que decorre no Dubai, bem como à encíclica “Laudato Si” e a todas as ações e intervenções do Papa Francisco sobre o cuidar da “Casa Comum” que é o planeta. «O Bom Jesus está em espírito e em ação com a COP28, preocupado também com as alterações climáticas». A área da ação de ontem ardeu em 2017 e está agora a ser reflorestada, com árvores autóctones.