Ricardo Rio não admite a possibilidade de vender o Estádio Municipal de Braga (EMB) por um valor simbólico, uma vez que pretende ter um encaixe financeiro que permita mitigar o que ali foi investido e que, contas feitas, ronda os 190 milhões de euros. «Vender por um preço simbólico está completamente fora de hipótese. Aliás, no mandato de 2021 admitimos a possibilidade de venda do estádio como forma de rentabilização e de geração de uma receita que permita à Câmara Municipal mitigar um pouco o investimento», disse o presidente da autarquia, sublinhando que «o EMB acabou por custar aos cofres municipais cerca de 190 milhões de euros», o que é «uma enormidade», conferindo-lhe o “estatuto” de «o estádio mais caro – ou dos mais caros - do Euro 2004». Segundo adiantou Rio, quando a Coligação assumiu funções em 2013, «ainda havia uma parte substancial da dívida que não tinha sido liquidada».
«Só relativamente aos empréstimos do estádio e, mais recentemente, a uma parcela que ainda não está totalmente concluída das sentenças de que fomos alvo – havia dois processos em discussão no tribunal –, nós, no conjunto, pagamos cerca de 60 milhões de euros durante estes dez anos», disse, considerando, nessa lógica, que «não fazia sentido nenhum a Câmara Municipal estar a suportar uma dívida relativamente a um equipamento e estar a colocá-lo no mercado por valores substancialmente inferiores ». «Acho que ninguém perceberia que ficássemos mais não sei quantos anos a pagar dívida e a discutir processos em tribunal e, ao mesmo tempo, estarmos a alienar o imóvel», referiu, garantindo que «a Câmara não vai gastar mais dinheiro naquele estádio» e que só um futuro proprietário poderá levar a cabo as intervenções de que necessita «para corresponder à grandeza do clube».
O edil salientou ainda que, «quando falamos de um encaixe que a Câmara possa fazer temos de retirar o que vão deixar de ser os encargos de manutenção significativos que a autarquia teria de suportar no futuro». A ser vendido o EMB, o encaixe financeiro permitiria ainda «avançar com a reabilitação do estádio 1.º de Maio», que, na sua ótica, tem potencial de utilização desportiva e cultural. Neste caso em concreto, Ricardo Rio quis clarificar que a proposta que o Sporting Clube de Braga apresentou para este equipamento – Monumento de Interesse Público desde 2012 – não era de reabilitação, mas sim «a reconstrução de um estádio que mantinha a fachada no mesmo local», motivo pelo que foi rejeitada quer pela autarquia como pela Direção Geral do Património Cultural. Sobre este tema, o deputado Joaquim Barbosa notou que «o EMB foi um dos péssimos atos de gestão pública que ocorreu em Portugal nos últimos anos», tendo «condicionado toda a qualidade de vida dos bracarenses».
«O pagamento do estádio, juntamente com os relvados sintéticos, consumiu quase metade da verba do investimento que a Câmara Municipal tinha para investir. Portanto, todas as realizações que se fizeram muitas vezes tiveram de contar com fundos comunitários, com uma grande gestão financeira da autarquia, com empréstimos bancários», disse, salientando que, uma vez liquidada esta dívida, «o Executivo que vier daqui a uns anos terá muito mais dinheiro disponível». Sobre a venda do equipamento municipal, entende que o preço deverá ser «digno» porque «é preciso ter respeito pelo dinheiro dos contribuintes». Já José Eduardo entende que é necessário «analisar as coisas numa lógica desportiva mas também económica, não só para o município como também para o Sporting Clube de Braga» que, «atingiu uma dimensão que o coloca no panorama dos grandes».
Nesse sentido, entende que seria importante o clube «ter controlo sobre a sua casa e decidir sobre o que lá se fazer». «Acho que o presidente deve promover um debate público sobre o que seria a canalização do valor angariado na venda do imóvel», concluiu.