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Inteligência Artificial «é uma oportunidade», mas tem que ser trabalhada com «cuidados»

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Fotografia Jorge Oliveira

Jorge Oliveira

Jornalista

Publicado em 25 de maio de 2023, às 18:28

Semana da Economia em Braga debate impactos desta nova tecnologia no Conhecimento

O impacto da Inteligência Artificial no Conhecimento esteve hoje em debate na Semana da Economia, uma iniciativa da InvestBraga que decorre até amanhã no Altice Fórum Braga.

A mesa redonda juntou Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves, Jorge Portugal, da Direção da COTEC Portugal - Associação Empresarial para a Inovação, Alcino Lavrador, general manager Altice Labs, e Marco António Costa, da Microsoft.

Para Carlos Oliveira, a Inteligência Artificial (IA) «é uma enorme oportunidade com muitos desafios», mas também com «muitos perigos», pelo que tem que ser trabalhada pela sociedade «com todos os cuidados necessários».

«Estamos numa fase inicial com um desenvolvimento muito acelerado desta tecnologia e é preciso ter muitos cuidados, mas as oportunidades de aumento de produtividade, de aumento de capacidade de se fazerem coisas muito mais rapidamente e de se terem perspetivas muito mais abrangentes são, de facto, enormes» disse.

Questionado pelo Diário do Minho se a utilização da IA deve ser regulamentada, Carlos Oliveira considerou que «é necessário encontrar mecanismos de proteção, relativamente às questões de ética, porque os sistemas falham», mas referiu também que «demasiada regulamentação restritiva impacta a inovação». 

«Acho que acima de tudo será uma questão de ética e que poderá levar a alguma regulamentação e no futuro, provavelmente, também até à tributação do trabalho da Inteligência Artificial», acrescentou.

No entender de Jorge Portugal, da COTEC Portugal, a IA (algoritmos e aprendizagem automática) é um novo fator que vai permitir «acelerar e ganhar muito maior produtividade na forma como hoje se produz e aplica conhecimento, e a velocidade é uma vantagem».

«A forma como se produzia e aplicava conhecimento nos processos de inovação vai ter com a IA um novo impulso com novas possibilidades, e são essas novas possibilidades que devemos explorar. Julgo que isto é importante não só para os empresários e para os quadros empresariais como também para os trabalhadores, para os académicos», acrescentou. 

Carlos Oliveira não têm dúvida de que a IA traz vantagens competitivas para as empresas e vai «alterar os negócios» em muitas áreas como a consultoria, medicina, advocacia e outras.

Para Alcino Lavrador, da Altice Labs, «o maior problema que todos enfrentamos com a IA» - ferramenta que possibilita respostas quase em tempo real- «é a preguiça», porque «estamos a confiar cegamente nos resultados que os algoritmos dão e não procuramos outras respostas, outras soluções».

Além da preguiça, há a questão da «desigualdade» que pode criar entre as pessoas que têm possibilidades de aceder a esta tecnologia e as que não têm, acrescentou.

Este aspeto, completou Carlos Oliveira, é crucial não só para as pessoas, mas também para os países.

Marco António Costa, da Microsoft, lembrou que a IA não é uma tecnologia nova, o que «revolucionou» foi na velocidade de resposta.

«Nós evoluímos mais nos últimos dez anos do que nos 40 anteriores», observou.

Notando que a tecnologia «não foi desenvolvida para ser complexa», Marco António Costa explicou que ela tem o propósito de «nos acelerar na direção que queremos ir, mas somos nós que fazemos o caminho».

«O futuro da tecnologia não é o rato, o touch (toque), mas a linguagem,  a passagem do conhecimento para a escrita», acrescentou.

O secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, que encerrou esta conferência, referiu-se à IA como uma nova tecnologia «impulsionadora de grandes mudanças» e defendeu que as instituições de ensino superior, os politécnicos, as instituições científicas e unidades de investigação têm que se «adaptar» aos «grandes desafios» que se colocam com a utilização da IA, valorizando a capacidade de pensar, de criar, de inovar, de aplicar conhecimento. 

«Do lado da formação do ensino superior implica repensarmos muito da forma como ensinamos e aquilo que ensinamos. Em particular, diria de não formarmos de uma forma rotineira, porque isso já percebemos que é aquilo mais facilmente imitável pelos processos digitais e tecnológicos, mas valorizarmos aquilo que nos faz mais humanos, que nos faz mais diferentes das máquinas e dos processos mecânicos», explicou.  

O governante referiu que a imitação destes processos é um «grande risco», na medida em que faz com que os alunos, os professores, os investigadores «funcionem como máquinas». 

«O que fazemos de diferente das máquinas é o que nos vai valorizar do ponto de vista de trabalho, é isso que vai tornar ainda mais valioso o contributo do ponto de vista profissional dos nossos estudantes, dos nossos futuros diplomados», acrescentou.  

Na abertura, o administrador executivo da InvestBraga, Carlos Silva, realçou a importância desta conferência para avaliar o impacto que a IA terá no futuro e quais os desafios a ultrapassar.

Esta conferência foi uma iniciativa da CNN Portugal.