O número 130 do Largo da Senhora-a- Branca, em Braga, ostenta, desde hoje, uma placa evocativa que representa a homenagem da cidade de Braga a Francisco Salgado Zenha (1923-1993), que ali nasceu e viveu.
A cerimónia de inauguração realizada no âmbito das comemorações do centenário do nascimento de Salgado Zenha, organizadas pelo Município de Braga, pela Assembleia Municipal, pela Universidade do Minho e pela Comissão Promotora de Homenagem aos Democratas, reuniu junto a esta casa, no centro histórico da cidade representantes da família do homenageado e dos mais variados quadrantes políticos e cívicos, que unidos, reconheceram a marca do bracarense Salgado Zenha e o legado que deixa às gerações futuras.
«Há uma cidade inteira unida em torno desta homenagem», sintetizou Paulo Sousa, responsável pela Comissão Promotora de Homenagem aos Democratas, referindo-se assim ao conjunto de instituições que se agregaram, imbuídas deste espirito de homenagem a Salgado Zenha e a outros democratas portugueses.
Na sua intervenção, o presidente da Câmara de Braga considerou que «a celebração dos valores da democracia e dos seus protagonistas tem ainda mais significado quando em vez de serem iniciativas institucionalizadas, dos poderes públicos, emanam diretamente da sociedade civil».
Ricardo Rio salientou que no caso concreto de Salgado Zenha, o Município de Braga fez associar a celebração do 25 de abril «com um momento diretamente dirigido à homenagem ao seu percurso, ao seu legado, à sua valia enquanto jurista, enquanto académico, e em toda a sua dimensão cívica, que deixou marcas e que é reconhecidamente muito importante e importa divulgar».
O edil frisou que o conjunto e iniciativas que ontem se realizaram em Braga complementares e testemunham cada uma das dimensões de Salgado Zenha.
O autarca bracarense deixou também uma palavra à família, reconhecendo em Salgado Zenha «um cidadão que marca gerações e continuará a marcar o futuro de outras gerações pelo seu exemplo, pelo seu legado» elogiando também a Comissão Promotora da homenagem e todas as outras entidades que se têm associado, «pela persistência, pela capacidade de encarar esta responsabilidade».
À margem da sessão, Ricardo Rio argumentou que apesar do homenageado ser de diferente quadrante político da maioria em exercício no Município de Braga «o pluralismo democrático, o respeito pela diferença e pela diversidade é um dos valores essenciais da democracia».
Vincou ainda o «orgulho em liderar o primeiro executivo municipal que prestou a primeira homenagem pública de marca a Salgado Zenha com a edificação do monumento que está na envolvente do Pópulo».
O autarca bracarense admitiu que embora não partilhando de muitas das ideias de Salgado Zenha, «é uma pessoa que pela sua intervenção cívica, pelas suas responsabilidade políticas, académicas e jurídicas, marcou uma geração, um tempo no nosso país e na nossa cidade e merece justamente esta homenagem».
O presidente da Câmara de Braga concluiu afirmando que se identifica com a icónica frase de Salgado Zenha: «no plano moral, que é o que importa, só verdadeiramente perde aquele que deixa de lutar».
Exercício da cidadania ativa
À margem da cerimónia, Paulo Sousa salientou que «estão a ser criadas raízes para o exercício da cidadania política ativa, a participação ativa dos cidadãos e das cidadãs». Enaltecendo a importância do envolvimento dos mais jovens, Paulo Sousa vincou ainda a importância desta relação emocional para que os mais novos saibam valorizar aquilo que é a democracia.
Segundo o responsável, no que respeita à inauração da placa evocativa houve um trabalho aturado, da parte do invetsigador Henrique Barreto Nunes, para se descobrir exatamente qual a casa onde nasceu Salgado Zenha, tendo-se chegado aio número 130 do Largo da Senhora-a-Branca.
«Que isto seja um exemplo aquilo que deve ser a mobilização das novas gerações em torno da nossa memória», afirmou.