O Reino Unido deverá deixar a União Europeia a 29 de março de 2019. Numa altura em que o tema está na ordem do dia, o Diário do Minho conversou com Luís Filipe Lobo-Fernandes.
O docente, especialista em questões internacionais, considera que «o Brexit é uma péssima notícia para toda a Europa, já que enfraquece a Grã-Bretanha e não reforça a União Europeia».
Diário do Minho – Como vê a actual fase da União Europeia?
Luís Filipe Lobo-Fernandes – Vivemos um tempo na União Europeia marcado por um paradoxo. Com efeito, detecta-se uma evolução atípica no processo de integração. Veja-se os avanços no caso da integração bancária e do chamado “semestre europeu”. Existe um aprofundamento! Mas, é um aprofundamento anormal comandado e liderado pela Alemanha. E, aqui pode estar parte do problema.
O problema não está tanto no facto da Comissão Europeia ter perdido algum espaço na arquitetura institucional. É fundamental perceber que o método de decisão já não é o da Comissão, mas sim o do Conselho da União Europeia. Acontece que a realidade do Euro conferiu à Alemanha um poder inusitado no seio da UE.
A Alemanha sempre assumiu que o abandono do marco alemão tinha como contrapartida a sua liderança em matéria monetária. A isto somou-se uma perda considerável de visibilidade da França, com repercussões negativas para o conjunto dado não existir conceito de unidade europeia sem a França – um país crucial na balança da Europa. É certo que Emmanuel Macron tem tentado contrariar esta situação.
Em rigor, porém, a França continua a cultivar uma postura fortemente “soberanista”, parcialmente responsável pelo facto de não se ter avançado tanto quanto seria necessário em matéria de coordenação política.
[Entrevista completa na edição impressa do Diário do Minho]
Autor: DM
O Brexit e o contrato europeu: Que respostas?
Publicado em 22 de dezembro de 2018, às 17:30