Diário do Minho – Vai apresentar na Semana da Economia a renovação do Plano Estratégico de Desenvolvimento Económico. Quais são as grandes novidades?
Carlos Oliveira – O que fizemos foi uma atualização do Plano, ao fim de três anos e meio de execução alinhada com as nossas expetativas. E a atualização surge porque entendemos que é chegada a altura de responder a alterações conjunturais e a mudanças estruturais. Com a atualização do Plano, vamos apresentar os resultados alcançados até aqui e revelar qual é o peso de Braga no Produto Interno Bruto do país.
DM – Qual é esse valor?
CO – É um valor muito interessante, mas que só o divulgaremos no Fórum Económico, que se realiza no âmbito da Semana da Economia.
DM – É um número que confirma Braga como a terceira cidade do país na criação de riqueza?
CO – Sem dúvida nenhuma. Ao nível dos investimentos, do desenvolvimento económico, não há qualquer espécie de dúvida. À nossa frente está Lisboa e o Porto. E o Porto está atrás de Braga em alguns indicadores, nomeadamente nas exportações. Vai ser muito interessante, quando, quarta-feira, revelarmos o número, percebermos que Braga está numa posição extraordinária ao nível das exportações e acredito que os valores que vamos revelar no Fórum Económico vão surpreender muita gente.
DM – Os números recentes do INE apontavam Braga como o terceiro exportador da região Norte, com um crescimento anual superior a 30 por cento. Há espaço para se manter esse ritmo de crescimento?
CO – Vamos ver se é o terceiro ou se não é já o segundo. O crescimento das exportações tem ocorrido, de facto, a um ritmo muito acelerado. Seria excelente se fosse sustentado, mas não o será durante muito tempo. Mas as nossas expetativas é que o crescimento das exportações em 2018 manterá um ritmo muito assinalável.
Mas, provavelmente, Braga estará numa posição muito mais confortável do que o terceiro maior exportador do Norte. É que temos um grande exportador em Braga, que não entra nas estatísticas do concelho, porque tem sede em Lisboa. Mas está a produzir em Braga e é em Braga que essa riqueza está a ser produzida e, em boa parte, a ser distribuída. Os números que vamos revelar são muito positivos e vão confirmar o que o primeiro-ministro já afirmou: Braga é, de facto, um dos motores da economia nacional. Atingimos valores de criação de riqueza e de redução do desemprego que eram impensáveis, antes da elaboração do Plano Estratégico.
DM – Sendo Braga um dos concelhos que mais tem crescido na criação de riqueza, como se justifica que seja o concelho com um ordenado médio inferior ao vencimento médio nacional e esteja muito abaixo dos valores praticados nos concelhos da sua grandeza?
CO – Essa é uma questão que tem a ver com os modelos de desenvolvimento do passado. Há áreas industriais que tiveram o seu valor acrescentado nos salários mais baixos. Mas quando olhamos para investimos como os da Fujitsu, da acenture ou até a Bosch vemos que os vencimentos são bem mais elevados.
Mas há um outro problema: as empresas precisam de ser mais sofisticadas, mais inovadoras e mais competitivas nos mercados internacionais para que depois possam pagar salários mais elevados, que é aquilo que esperamos que elas façam.
Autor: Joaquim Fernandes
Carlos Oliveira: «Riqueza produzida em Braga subiu para valores impensáveis»
Publicado em 23 de maio de 2018, às 09:47