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Mais de 26 mil alunos tiveram falta de professores no último ano

Mais de 26 mil alunos tiveram falta de professores no último ano
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Publicado em 26 de janeiro de 2023, às 15:16

A precariedade da profissão é um dos motivos para a falta de docentes nas escolas públicas, de acordo com o relatório “Estado da Educação”.

Mais de 26 mil alunos estiveram sem aulas no último ano letivo por falta de professores, de acordo com o relatório “Estado da Educação”, divulgado esta quinta-feira pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Uma das razões passa pelos salários, que impedem os docentes de aceitarem vagas em zonas onde as rendas apresentam valores elevados. O documento refere que “o número de horas sem professor variou ao longo do ano” e que maio foi o mês mais crítico nesse aspeto. As situações mais complicadas verificaram-se nas escolas da área metropolitana de Lisboa, seguida do Algarve e do Porto. O CNE informou que a falta de professores na disciplina de Português deixou 2 453 alunos sem aulas, além dos  2 166 que ficaram sem Informática. Em Geografia, 1 901 alunos não tiveram professor, assim como 1 867 ficaram sem Inglês. Também 1 321 alunos do primeiro ciclo, bem como 1 010 com necessidades educativas especiais ficaram sem aulas de Educação Especial. De acordo com as escolas, em causa estão docentes doentes, aumento do número de turmas, aposentação ou licença de paternidade. O relatório indica que a substituição por doença abrange mais de 80% dos casos. A dificuldade em encontrar substitutos prende-se com o custo de vida associado às regiões onde se situam as escolas e o custo de fazer as viagens, nos casos em que o local de residência fica a centenas de quilómetros da estabelecimento de ensino. Os horários, que por vezes são de apenas umas horas por semana, não compensam as despesas: “o custo de vida, sobretudo ao nível da habitação, tem dificultado a deslocação e fixação de professores nestas regiões”, sublinha o relatório. Os sindicatos têm vindo a reivindicar junto do Ministério da Educação medidas como criação de um subsídio de habitação e de transporte. Desse modo, os professores reuniriam condições para aceitar vagas em escolas mais distantes. Vários estudos têm alertado para a necessidade de contratar mais professores, dado o envelhecimento da classe – 22% dos docentes têm pelo menos 60 anos. “Nos próximos seis ou sete anos, estes docentes poderão sair do sistema educativo, por motivo de aposentação”, é referido. No ano letivo de 2020/2021, mais de metade dos professores (55%) tinha pelo menos 50 anos de idade. O primeiro ciclo era a única exceção, com 42,1% do corpo docente a ultrapassar essa idade. O pouco interesse na profissão por parte dos jovens é outro dos problemas identificados: “a procura de cursos que conferem habilitação profissional para docência tem vindo a diminuir nos últimos anos”. O relatório adverte ainda que “o número de diplomados nesses cursos poderá não ser suficiente para suprir as necessidades futuras de professores”.
Autor: Redação/Lusa