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Dirigente sindical denuncia que há docentes a viver em carros

Dirigente sindical denuncia que há docentes a viver em carros
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Publicado em 26 de janeiro de 2023, às 12:44

O alerta foi feito por Alexandre Dias, coordenador da Distrital de Braga do Sindicato dos Professores da Zona Norte.

O coordenador da Distrital de Braga do Sindicato de Professores da Zona Norte afirmou que a forte mobilização dos professores para a greve é a luta por soluções para os problemas que enfrenta o setor da educação. «Aquilo que que nos move é a luta por soluções e a falta de soluções [para a educação] é o que leva milhares de professores a irem para rua», disse, deixando claro que a resolução dos problemas tem sido «adiada ao longo de vários anos, que por vários governos, «quer mesmo na Assembleia da República», onde «foi quase negociada» a questão das carreiras e da reposição salarial. Sobre as principais razões que está a motivar a greve dos professores, Alexandre Dias deixou claro que na rua está o motivo de base é a luta de «profissionais qualificados, com altas capacidades para desenvolver aquilo que é o ensino e que, sendo capazes de um espírito critico e independente, não aceita ser dependente de opções políticas de uma autarquia, naquilo que é a política de educação». Considera o coordenador distrital do SPZN que «na rua vê-se o acumular de várias situações, nomeadamente de carreira, de condições de trabalho, de [oposição] a questões burocráticas que não têm nada a ver com o método de ensinar, mas com cargas burocráticas que os professores são obrigados a desenvolver». Trata-se de um quadro que leva os profissionais a afirmar que «já não têm nada a perder» e, por isso, «fazem greves durante 4,5 6 dias, porque não têm nada a perder». «Nós temos colegas a dormir em carros porque não arranjam casa; temos um sistema de concursos que não abre as vagas quando elas são necessários e quando são possíveis: em maio, junho e julho, que são as vagas de quadro de escola que poderiam dizer ao professor onde é que vai trabalhar no ano seguinte», sublinhou Alexandre Dias, questionando «como é que é possível um professor sair de Braga hoje, chegar a Tavira amanhã e conseguir arrendar uma casa para viver lá durante um mês, porque foi informado que vai substituir um colega». «É impossível. E por isso é que temos a degradação de uma profissão que era atrativa nos anos noventa e que levou muito de nós a aceitar a profissão, inclusive eu, dizendo que esta é um profissão digna, importante para o país e é reconhecida», acentuou o sindicalista, para vincar que a carreira de docente está hoje «a ser menosprezada, mal tratada e, pior de tudo, está-se a tentar manipular a opinião pública para um problema que não é dos professores», porque «não foram eles que negociaram esta carreira». «Aquilo que nos preocupa, neste momento, não é saber se é o sindicato A ou sindicato B que põe as pessoas na rua, porque na rua estão os associados de todos os sindicatos e estão os não-sócios. É um momento importante para a sociedade portuguesa perceber que se os professores estão na rua – e são pessoas que têm uma capacidade de interpretação da realidade que é acima da média –, é porque chegaram a um ponto que perceberam que já não têm nada a perder porque lhes tiraram quase tudo», referiu o coordenador da Distrital de Braga do Sindicato de Professores da Ana Norte. Para Alexandre Dias, «a única opção» que os professores têm é «dizer basta». É que «não há ninguém na área da educação que possa dizer que a educação melhorou nos últimos 20 anos», salienta o dirigente sindical.
Autor: Joaquim Martins Fernandes