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Câmara de Valença lança dentro de duas semanas concurso para recuperar Fortaleza

Câmara de Valença lança dentro de duas semanas concurso para recuperar Fortaleza
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Publicado em 04 de janeiro de 2023, às 09:12

A muralha sofreu uma derrocada no domingo.

O presidente da Câmara Municipal de Valença estimou poder dentro de duas semanas lançar o concurso público para a elaboração do projeto e para a obra da recuperação da muralha da Fortaleza. A muralha sofreu uma derrocada no domingo.

«A Câmara irá liderar todo o processo, nesta primeira fase, de estabilização dos solos e, na segunda fase, para a abertura do concurso público para o projeto e execução da obra. Depois o financiamento, obviamente quando chegarmos a essa altura, ou antes disso, o Governo, provavelmente, assumirá isso. Mas também não sabemos os custos, neste momento», afirmou José Manuel Carpinteira.

Em declarações à Lusa, o autarca socialista, que presidiu à primeira reunião de trabalho após a derrocada de parte da muralha da Fortaleza, sessão que juntou técnicos da Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), do município e de uma empresa especializada, disse que «ninguém quer arriscar um valor» para a recuperação do monumento, classificado como Património Nacional desde 1928 e sob a tutela do Ministério das Finanças.José Manuel Carpinteira adiantou que o concurso público só será lançado após a conclusão do levantamento topográfico e da estabilização dos solos, trabalhos que deverão iniciar-se «nos próximos dias».

Quanto à execução da obra, referiu que a autarquia não dispõe de recursos financeiros, mas disse acreditar que o Governo vai suportar os custos da intervenção. «A senhora ministra garantiu-nos, não tenho formalmente essa informação, mas garantiu-nos que o Governo vai ajudar ou apoiar a reconstrução. Obviamente que estamos à espera disso porque a Câmara não tem recursos financeiros para esta execução extraordinária, até porque isto é um monumento nacional e penso que deve ser o Governo e a tutela a financiar a reconstrução deste pano de muralha que caiu», adiantou.

Em comunicado enviado à Lusa, o Ministério da Coesão Territorial afirmou que «o Estado Português tem responsabilidades de conservação e reparação resultantes da ação do tempo ou outras, neste monumento». «O financiamento das obras será, naturalmente, assegurado através de fundos europeus e nacionais», assegurou o ministério de Ana Abrunhosa, adiantando estar «em curso um trabalho conjunto entre o município de Valença e a DRCN neste monumento que incluía a identificação de pontos críticos e um levantamento preliminar das necessidades de intervenção».

«Em meados de dezembro do ano passado elaborou-se um protocolo que deverá formalizar esta colaboração e preparar um projeto global de reabilitação do monumento. O acontecimento do fim de semana deverá acelerar este trabalho», refere a nota.O documento adianta que a Fortaleza de Valença «integra uma candidatura conjunta com as Fortalezas de Almeida e Marvão a Património da Humanidade, pelo que importa dar início aos trabalhos de reparação com a máxima brevidade».

Na segunda-feira, durante uma visita à fortaleza, a ministra da Coesão Territorial disse que a reparação da muralha deve ser assegurada pela Câmara local. «Neste momento, parece-nos que a melhor solução é ser a autarquia a intervir com o apoio da Direção Regional de Cultura do Norte porque estamos perante um monumento nacional em que a gestão e as intervenções são normalmente feitas pela autarquia», afirmou Ana Abrunhosa.

Para já, acrescentou, é necessário fazer uma primeira intervenção de urgência de forma a resolver os danos e ver como estão os sítios identificados como sendo de risco para impedir uma derrocada. «Depois, com um pouco mais de tempo, projetar uma intervenção mais estrutural em toda a muralha não só para salvaguardar a estabilidade e segurança, mas tendo em conta que o senhor presidente da câmara e a sua equipa planeiam candidatar a muralha a Património da Humanidade», frisou.

A fortaleza do século XVII, principal ex-líbris da cidade de Valença, no distrito de Viana do Castelo, é anualmente visitada por mais de dois milhões de pessoas.O monumento nacional assume particular importância pela dimensão, com uma extensão de muralha de 5,5 quilómetros, e pela história, tendo sido, ao longo dos seus cerca de 700 anos, a terceira mais importante de Portugal.

No domingo, ao início da tarde, a muralha da Fortaleza de Valença sofreu uma primeira derrocada, tendo a proteção civil apontado como motivo o mau tempo que se fez sentir no Norte do país.A parte da fortaleza que caiu fica na zona da Coroada, junto ao parque de estacionamento do Município de Valença, no distrito de Viana o Castelo.Durante a tarde de domingo «houve mais uma derrocada na continuidade da [parte] que já tinha caído», relatou o presidente da Câmara de Valença, José Manuel Carpinteira, em declarações à Lusa, salientando ser «bastante grande» o troço da muralha afetado.


Autor: Redação/Lusa