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Maioria dos estrangeiros no ensino superior em Portugal vem do Brasil ou dos PALOP

Maioria dos estrangeiros no ensino superior em Portugal vem do Brasil ou dos PALOP
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Publicado em 26 de novembro de 2022, às 13:12

Os dados foram divulgados, ontem, durante a 2ª Conferência de Internacionalização do consórcio Universities Portugal.

A maioria dos estudantes de nacionalidade estrangeira que frequentaram o Ensino Superior português no ano letivo 2021/2022 é proveniente do Brasil, de onde são originários 18 859 estudantes estrangeiros, ou seja, 27% do total em Portugal, logo seguidos dos estudantes da Guiné Bissau (6478), Cabo Verde (5694) e Angola (4702), mas ainda assim com uma diferença substancial.

Os dados foram divulgados, ontem, durante a 2ª Conferência de Internacionalização do consórcio Universities Portugal, que decorreu na reitoria da Universidade do Minho, em Braga.

O panorama da internacionalização nas universidades portuguesas foi descrito pelo reitor da Universidade de Aveiro,Paulo Jorge Ferreira, tendo como fonte a Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência

O reitor de Aveiro justifica a proveniência geográfica dos estudantes estrangeiros com dois fatores fundamentais: a proximidade lingística e cultural ou a proximidade geográfica.

Logo a seguir aos PALOP vêm assim os países que nos são próximos no espaço europeu, como Espanha (4280), França (4085) e Itália (3865).

Mesmo no que respeita aos estudantes de nacionalidade estrangeira que frequentam um grau de ensino, ou seja, exluindo os que se encontram em mobilidade, Paulo Jorge Ferreira apontou o caso do Brasil como sendo o que tem mais alunos (17526) a frequentarem um grau.

«É uma quota absolutamente desproporcionada num contexto internacional. Não conheço nenhum outro país em que haja uma tão forte preponderância de uma nacionalidade», disse.

No que respeita aos estudantes de nacionalidade estrangeira no Ensino Superior Português em processo de mobilidade, a grande maioria é proveniente do espaço europeu, com destaque para espanha (3060) e Itália (2068). Porém, mesmo na realidade da mobilidade, e não sendo um país geograficamente próximo de Portugal, o Brasil aparece num surpreendente 4.º lugar (1333), que o reitor de Aveiro considera de importante nota, demonstrando que «neste mundo global a proximidade geográfica não é o mais importante e há outros fatores que aporximam os povos».

Realce para o facto da evolução do número total de estudantes ter acusado uma depressão durante a pandemia, acabando por recuperar rapidamente.

A universidade só pode ser pensadano contexto das relações internacionais

O reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, defendeu, ontem, na conferência de Internacionalização do consórcio Universities Portugal, a importância crescente da internacionalização não apenas para a sociedade, como entidade coletiva, mas também para a universidade, como instituição.

«A instituição universitária e as missões fundamentais que lhe estão atribuídas não é pensável senão no contexto de fortes relações internacionais e só pode ser concretizada de forma relevante num contexto internacional», afirmou o reitor da UMinho.

Segundo Rui Vieira de Castro, a preocupação com a internacionalização das instituições de ensino superior é cada vez mais legítima por duas ordens de razões: primeiro porque o objetivo é educar cidadãos cosmopolitas, e depois porque tal contribui oara o reforço das próprias instituições universitárias».

Segundo o reitor «a diversidade linguística, cultural e social é hoje cada vez maior em Portugal, requerendo das instituições respostas especializadas ao nível da formalização de políticas, mas também ao nível da inclusão».

«A universidade não pode alienar-se da estruturação de comunidades democráticas e humanistas, », afirmou, sustentando que «a existência de instituições académicas fortes é essencial para a construção de sociedades mais desenvolvidas e mais fortes».


Autor: Carla Esteves