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Entrada de fundo do Qatar no SC Braga preocupa Pli

Entrada de fundo do Qatar no SC Braga preocupa Pli
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Publicado em 26 de novembro de 2022, às 12:04

António Pedro Peixoto apontou a venda das ações da autarquia local, processo concluído em 2017, como ponto fulcral em todo o processo.

O ex-candidato à presidência do Sporting de Braga António Pedro Peixoto mostrou-se, ontem, «preocupado» que, com a entrada do fundo Qatar Sports Investment na sociedade anónima desportiva (SAD), os bracarenses possam perder os seus princípios.

«Tendo em conta que é um fundo do Qatar, mas podia ser de outro país qualquer, e tendo em conta que somos todos contra qualquer violação dos direitos humanos, temos de estar atentos ao que este fundo quer, quais são as suas intenções, como vai ser o futuro e saber se quer ter a maioria. Eu, como muitos associados, não quero ser campeão a todo o custo. Se for para este fundo tomar conta do nosso clube e, com isso, perdermos os princípios de igualdade que, desde sempre, estiveram na base deste clube, prefiro lutar na segunda divisão do que ser campeão», afirmou à agência Lusa o também antigo atleta do clube.

Em 10 de outubro foi tornada pública a entrada da Qatar Sports Investments (QSI), que detém o Paris Saint-Germain (PSG), subsidiária do Qatar Investment Authority, o fundo soberano estatal do Qatar, na SAD bracarense através da compra das ações da Olivedesportos, do empresário Joaquim Oliveira, num total de 21,67% do capital social da sociedade anónima minhota.

António Pedro Peixoto apontou a venda das ações da autarquia local, processo concluído em 2017, como ponto fulcral em todo o processo e que pode ditar, a qualquer momento, a ascensão a acionista maioritário do fundo. «Isto começa mal, vou repeti-lo sempre, com o maior erro da história do SC Braga que foi esta administração não ter comprado as ações da câmara [municipal de Braga, 17 % do capital social] e neste momento tínhamos a maioria. 200 mil euros foi o que custou ao Braga não ter a maioria, resta saber por que não quis. Veio um fundo [Sundown Investments Limited] que também ninguém sabe de quem é, e comprou essas ações», lembra.

António Pedro Peixoto considera que o clube deve tomar posição pública em relação ao tema «afastando-se de qualquer entidade que viole os direitos humanos: se não for a SAD, pelo menos o clube, porque ainda é nosso».

Já Miguel Pedro Guimarães, antigo presidente da mesa da assembleia-geral da SAD do SC Braga, frisa à Lusa que, como adepto não o incomoda «minimamente» a entrada do fundo proveniente do Qatar. «É um sinal de pujança da SAD na sua dimensão competitiva, da sua sustentabilidade financeira e, principalmente, da sua capacidade na formação, que penso que foi o principal chamariz do fundo», disse.

A escolha do Qatar como sede da Campeonato do Mundo suscitou duras críticas devido às suas políticas internas restritivas em relação aos direitos humanos, às liberdades individuais, aos direitos dos trabalhadores e ao respeito às minorias.


Autor: Redação/Lusa