Na portaria, é descrito que esta classificação “reflete os critérios […] relativos ao caráter matricial do bem, ao génio do respetivo criador, ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, à sua conceção arquitetónica, urbanística e paisagística, e às circunstâncias suscetíveis de acarretarem diminuição ou perda da sua perenidade ou integridade”.
No entanto, a mesma portaria reconhece que o edifício se encontra “parcialmente adulterado”.
“Considera-se que não se encontra perdida a sua capacidade evocativa do projeto original, onde o granito local, o betão e o ferro se conjugam com a envolvente natural para compor uma obra de grande valor formal e conceptual, bem ilustrativa do alcance da obra de Fernando Távora e do seu posicionamento em relação aos desafios colocados pela arquitetura moderna”, justifica a Secretaria de Estado da Cultura.
Este duplo posto de combustível de Covas, localiza-se no lugar do Salgueiral, freguesias de Creixomil e Urgeses, no concelho de Guimarães, distrito de Braga.
A obra estava enquadrada num plano de localização de postos de abastecimento que foi encomendado pela SACOR em 1957.
Projetado entre 1959 e 1961, e concluído em 1967, é composto por dois postos implantados em parcelas fronteiras, na encosta do vale de Creixomil.
De acordo com a publicação em DR, o núcleo funcional das bombas é composto por zona de abastecimento protegida por largas palas, completada, no edifício a poente, por uma área de serviço que aproveita o declive do terreno, respeitando o seu grande potencial cenográfico.
“Os arranjos exteriores constituem, de resto, um todo indissociável dos edifícios, sendo indispensáveis para a interpretação do conjunto”, é escrito na publicação.
Esta classificação decorre por proposta da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), conforme foi publicado em DR a 08 de abril, mas o processo é já antigo.
Em março de 2015, a DGPC determinou a abertura do procedimento da classificação, tendo recebido, no ano passado, parecer favorável da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura.
No dia 07 de março deste ano, o diretor-geral do Património Cultural publicou o despacho de concordância.
No documento, de 2015, a DRCN justifica que, “face à possibilidade de uma intervenção [por parte da proprietária – empresa Galp Energia] e perante a proposta da Fundação Marques da Silva”, propôs a abertura do procedimento de classificação do espaço como MIP.
A DRCN dizia, então, tratar-se de “um posto duplo de abastecimento de combustível instalado na estrada da cidade de Guimarães, à margem da Estrada Nacional 15”, designada de Rodovia de Covas.
A DRCN concluiu tratar-se de “um exemplar de arquitetura, bem ilustrativo do processo conceptual e criativo do arquiteto Fernando Távora”.
“Nomeadamente de um momento em que a afirmação de modernidade e o seu posicionamento em relação aos valores da cultura e da arquitetura interacional dialogam com a necessidade de fundamentar e ancorar as suas intervenções na realidade, na especificidade dos locais, na consciência das suas condicionantes e do valor cultural e social decorrente da própria intervenção”, lê-se no texto da proposta de classificação da Fundação Marques da Silva, subscrito pela DRCN.
Fernando Távora (1923-2005) foi arquiteto, professor e ensaísta, sendo considerado como o “pai” da Escola do Porto.
Autor: Agência Lusa