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Pedreira de papel

Os tempos mais recentes desta época desportiva têm sido amargos para os braguistas e constituem motivo de preocupação para toda a Legião, especialmente nos jogos da liga disputados em casa. O estádio bracarense tem sido, em muitas ocasiões, uma autêntica fortaleza para o SC Braga, mas os últimos dois jogos, frente a Chaves e Casa Pia, mostram uma Pedreira de papel, tal a forma como estes adversários perderam o respeito e venceram os respetivos jogos.

O encontro com os flavienses poderia ser considerado um acidente de percurso, ainda que tenha deixado sinais de alarme, porque o único golo do jogo surgiu ao segundo minuto e durante o restante tempo, quase a totalidade, a equipa de Artur Jorge foi incapaz de inverter aquele rumo indesejado do encontro, revelando ineficácia.

Os jogos fora, no Estoril e em Barcelos, devolveram os sorrisos aos braguistas, graças a duas vitórias em terrenos tradicionalmente complicados. Parecia que estava ultrapassada a fase negativa da equipa, que coincidiu com as derrotas no dragão e em casa frente aos transmontanos. Puro engano, como descrevo a seguir.

O Casa Pia era o adversário que se seguia, no primeiro confronto de sempre entre gansos e arsenalistas. Muitas décadas depois, os “casapianos” estão de regresso ao principal escalão e montaram uma equipa que assenta o seu desempenho na solidez defensiva e na eficácia de quem marca alguns golos nas raras oportunidades que cria nos jogos, tirando elevado partido pontual dessas finalizações com sucesso.

O SC Braga deveria estar avisado para o que iria encontrar e acredito que o grupo de trabalho tenha analisado bem este adversário e as suas características. Porém, dessa análise pouco ou nenhum proveito foi retirado, uma vez que o que se previa de pior veio a acontecer. O único golo do jogo surgiu na primeira vez que os visitantes remataram à baliza, tal como havia acontecido contra o Chaves.

Havia muitas semelhanças entre os dois filmes e, uma vez mais, o SC Braga foi incapaz de concretizar algumas das muitas chances de golo criadas, de modo a poder corrigir a desvantagem no jogo. Nem de penálti a equipa bracarense foi capaz de fazer um golo, uma vez que o guarda-redes adversário escureceu ainda mais a noite negra da Pedreira ao defender o remate. Uma nota negativa para o muito tempo que decorreu entre o momento da falta e a marcação da grande penalidade, por ação do árbitro, dos jogadores das duas equipas e até de uma substituição feita nesse momento.

Nunca saberemos se o lance aconteceria de maneira diferente noutro contexto mais rápido, mas a demora em nada ajudou ao sucesso no desenlace desse lance. O árbitro, que voltou a fazer uma arbitragem fraca, não sancionou mais duas faltas na área do Casa Pia, sendo discutível a que envolve a mão e incompreensível a falta clara dobre Banza, que passou em claro. Além disso, houve uma permissividade no antijogo que urge corrigir em Portugal, dado o baixo tempo útil na maioria esmagadora dos jogos, que afasta cada vez mais pessoas dos estádios, desagradadas com os fracos espetáculos que as equipas proporcionam.

As equipas portuguesas, em geral, gostam de fazer tudo menos jogar futebol, que deveria ser a sua única preocupação.

O sentimento de que melhores dias virão é o único pensamento de todos os braguistas por esta altura.


Autor: António Costa
DM

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10 novembro 2022