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Dependência tóxica

Imagine o meu bom Leitor que está focado num trabalho que lhe exige o máximo de atenção e entrega; entretanto, tem de interromper a tarefa para atender o choro de um filho, o chamamento da esposa, a impertinência da sogra, o barulho que vem do vizinho do lado que aspira o apartamento ou tem a aparelhagem de música demasiado alta.

Transporte, agora, a mesma situação para o filho que frequenta o ensino secundário e se concentra na preparação do teste de matemática para o dia seguinte e que avalia o seu trabalho trimestral; todavia, tem junto de si o telemóvel ou o ecrã do computador ligados que lhe interrompem o estudo, seja para ler uma mensagem, seja para enviar um e-mail

Pois bem, segundo estudos feitos por especialistas, a interrupção do trabalho que tanto absorve a sua atenção e do seu filho vai obrigar os vossos cérebros a recuperar novamente a concentração e o que demora cerca de 23 minutos a fazê-lo; daqui se infere que a sobrecarga de estímulos que se instalam à nossa volta por força da tecnologia é altamente nefasta para o bom funcionamento do cérebro humano.

No mundo de hoje, a toda a hora somos invadidos por mensagens e e-mails a chegar, por leitura de notícias nos sites de informação, pelo seguimento da publicação de alguém que seguimos nas redes sociais, pela televisão ligada ou pelo telemóvel a debitar chamadas e mensagens; pois esta realidade que nos envolve e muitas vezes nos absorve diariamente prende-nos mais do que aqueloutra que nos aborrece, mas que somos capazes de pôr de lado ou ignorar, porque não nos capta a atenção, dada a sua origem ou destino que não é motivacional.

Pois é, vivemos num mundo onde a dependência das redes sociais se está a tornar tóxica, provocando no nosso organismo diminuição da capacidade de concentração, ameaça do poder de criatividade e ofuscação do raciocínio lógico e abstrato; e esta situação de toxicidade, de acordo com as chamadas de atenção de psicólogos, sociólogos e psiquiatras, causa já problemas sérios de concentração, de aumento de stresse e de ansiedade nos alunos do ensino básico.

Sabido é que os chineses já têm campos de recuperação de jovens dependentes das redes sociais, onde fazem desintoxicação e recuperação; e, obviamente, se não queremos para os nossos filhos o mesmo tratamento, antes que seja tarde vamos tomando medidas para que eles façam uma utilização racional e consequente destes meios tecnológicos.

Atualmente, porque somos pressionados a estar disponíveis para executar tarefas variadas ao mesmo tempo e, inclusive, a estarmos sempre ligados ao telemóvel ou ao computador, muito se fala já nos sintomas de burnout ou seja de estados de exaustão de 15% dos trabalhadores provocados por intenso stresse laboral; e, por detrás desta realidade, reside, sem dúvida, a demasiada exposição aos ecrãs e gadgets provocadores confirmados de sintomas de depressão, ansiedade, hiperatividade, desatenção e stresse.

Depois, todos sabemos que o cérebro humano é plástico, isto é, tal qual como qualquer músculo do nosso corpo muda e toma-se mais forte com o uso e utilização incentivados e programados; por esta mesma razão se aconselha a leitura, as atividades baseadas em jogos de memória e execução de sudokus, bem como para a nossa melhor concentração devemos desligar o telemóvel, a tablete, os ecrãs e os e-mails.

Agora, queremos melhorar a nossa concentração ameaçada pela dependência tóxica das redes sociais, psicólogos, psiquiatras e sociólogos recomendam: desligar os gadgets por alguns minutos, fechar os olhos e concentrarmo-nos na respiração e sensações do nosso corpo, fazer pausas, treinar o cérebro com atividades manuais variadas, dançar e cozinhar para relaxar, ter um estilo vida mais saudável, dormir 7/8 horas e fazer exercício fisico.

E, assim, impediremos que o smartphone mude o nosso cérebro e a nossa atividade cerebral melhore e adquira o necessário treino para mais concentração e atividade mais consistente; e, assim, daqui resulta o nosso melhor equilíbrio psicológico e emocional com a imposição do necessário e urgente travão à dependência tóxica das redes sociais.

Então, até de hoje a oito.


Autor: Dinis Salgado
DM

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9 novembro 2022