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Educar para Formar

Quem acompanha o desporto nos escalões de formação, nas variadas modalidades, com certeza que já ouviu da parte da assistência, onde se encontra grande maioria de pais e familiares dessas crianças e jovens, expressões como “faz falta, que as faltas são para se fazer!”. Esta é uma frase feita, tranquilamente aceite por muitos treinadores que não refletem sobre o seu conteúdo, nem contexto. “Faz falta que as faltas são para se fazer!” Mas, caros leitores, já pensaram que na realidade as faltas são para punir o que não deve ser feito e atuar como meio de prevenção para que o jogo tenha ritmo e competitividade melhorando consideravelmente a sua qualidade e beneficiando, sem qualquer dúvida, a qualidade dos praticantes e do aspeto formativo. Se num contexto de jogo de adultos, em que os jogadores já tem clara noção do contacto que é legal e aquele que não é permitido, e como o mais importante é o resultado final, esta expressão, mesmo neste escalão, não faz nenhum sentido, então nos escalões de formação temos de, no mínimo, pensar que tudo isto está errado! Para além desta reflexão, ainda teremos que compreender, que estes jogos dos escalões de formação praticamente não são arbitrados por juízes integralmente formados e com experiência suficiente para o seu desempenho, visto que na sua maioria são jovens e estão a dar os primeiros passos na arbitragem, facto que torna ainda mais complexa toda a avaliação desta situação. Na formação desportiva a primeira coisa que devemos compreender é que a competição dos mais novos é um instrumento, um meio, para o desenvolvimento dos praticantes e não a finalidade. Assim sendo a competição é profundamente necessária e adequada às crianças, quando serve para que estas se concentrem, se empenhem, se esforcem, tenham o desejo de serem cada vez melhores, saibam cooperar com os companheiros de equipa e respeitar os adversários, e é muito negativa se servir para que as crianças assistam a cenas profundamente lamentáveis e deseducativas de pais a agredirem-se, a insultarem os árbitros e os adversários. «Faz falta que as faltas são para ser feitas» é um chavão, que no início de mais uma época desportiva se apela que seja evitado e erradicado dos locais desportivos formativos. Uma vez mais o que está subjacente a esta “importação” de conceitos do jogo dos adultos para o jogo das crianças é uma questão de fundo: O que será mais importante? O resultado de um jogo, ou darmos tempo ao tempo e ensinarmos as nossas crianças a jogar e a gostarem da prática da modalidade? Naturalmente que é isso que desejamos e talvez fosse importante envolver mais os pais neste processo formativo dos seus filhos assumindo compromisso de comportamentos que se lhes está a pedir e que seria melhor para todos. Envolver e comprometer os pais e familiares será certamente um bom caminho, se devidamente orientados, pois os tempos que vivemos assim o exigem e o desejamos!
Autor: Luís Covas
DM

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28 outubro 2022