SER Professor e não apenas, parecer
Comemorou-se esta semana o Dia Mundial do Professor. A data, 5 de outubro, escolhida pela UNESCO em 1994, coincide no nosso país com a comemoração da implantação da república. Atendendo à importância da efeméride – implantação da república – as altas individualidades políticas do nosso país fazem os habituais discursos, muitas vezes inócuos, esquecendo a educação e quem a ela dedica a sua vida.
Acho interessante a coincidência de podermos comemorar o nosso dia em casa, aproveitando o feriado nacional. Fico feliz quando, em inquéritos de opinião, a classe docente surge amiúde em lugares cimeiros, das pessoas mais confiáveis, em contraciclo com os políticos, habitualmente no polo oposto. Ou seja, o desrespeito que eles têm para com a nossa profissão não é de estranhar pois, desportivamente, jogamos em campeonatos diferentes. Nós lutamos pela Champions da credibilidade, eles para não descerem…ainda mais.
Caminhando a passos largos para a idade da reforma que parece ir fugindo, sinto-me feliz por continuar a viver a profissão com paixão, tentando fazer de cada aula um espaço de ensino/aprendizagem para os meus alunos (filhos, sobrinhos, primos, irmãos e amigos de ex-alunos) que quando percebem quem lhes “caiu na sopa” já imaginam o que os espera, por histórias ouvidas a familiares e amigos.
(Re)conhecem-se em alcunhas que surgem de acordo com a postura nas aulas; relembram histórias dos que os antecederam, em espaço de aula ou aprendizagem fora dos portões, como o Caminho de Santiago e o Cicloturismo, entre inúmeras outras atividades; são alertados, constantemente, que o cérebro faz parte integrante do material a trazer, mais ainda quando a aula é sobre jogos desportivos coletivos, pois as aprendizagens serão tão mais duradouras se a compreensão das matérias for constantemente solicitada; percebem que se não mexerem conveniente e atempadamente “o cadáver”, ouvem o que não gostam; bem precocemente, entendem – à força de braços – quais os membros com que se jogam determinados desportos e quais os interditos.
Da amalgama de situações comummente vivenciadas, todos entendem(os) que só há ensino se … do outro lado houver quem queira aprender. A boa disposição e empatia não são condição primordial para que tal aconteça, mas se possibilitarem a criação de laços de respeito mútuo que origine uma maior abertura deles para connosco, acredito que com um conhecimento mais amplo – nosso – dos projetos de pessoas em formação que temos à nossa frente, o sucesso académico e pessoal que todos procuramos, sairá facilitado.
Segundo Confúcio “a experiência é uma lanterna pendurada nas costas que apenas ilumina o caminho já percorrido”. Também percebemos que só não erra quem nunca experimenta nada de novo. Na conjugação destas duas premissas, eu, como milhares de outros, em contraciclo com as decisões do poder político que entende que qualquer um – mesmo sem formação específica – pode abraçar esta nobre profissão, queremos continuar a SER PROFESSORES e não apenas, parecer.