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Arquidiocese de Braga impôs «medidas disciplinares» a sacerdote por abusos em Joane

Arquidiocese de Braga impôs «medidas disciplinares» a sacerdote por abusos em Joane
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Publicado em 01 de outubro de 2022, às 23:33

A Arquidiocese pediu perdão a todas as vítimas e garantiu que a Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis vai disponibilizar um serviço de escuta.

AArquidiocese de Braga afirma que tem acompanhado o caso dos alegados abusos sexuais a menores que foram cometidos em Joane e que impôs «medidas disciplinares» ao cónego Manuel Fernando Sousa e Silva.

Num comunicado divulgado na sua página na Internet e enviado à comunicação social, a Arquidiocese lamenta não ter conseguido «ser mais célere no tratamento do caso e «mais eficaz no acompanhamento das vítimas».

Segundo a Arquidiocese, as medidas impostas ao sacerdote implicam «a necessidade se abster de exercer publicamente o seu ministério sacerdotal e, de modo particular, a celebração pública dos Sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, devendo recolher-se num clima de oração, reflexão e penitência».

Segundo relatos divulgados nas redes sociais, o sacerdote abusava sexualmente de meninas no confessionário.

No texto, a Arquidiocese pede perdão, primeiro, a todas as vítimas, «feridas física, emocional e espiritualmente pelos abusos sofridos», e também às suas famílias e aos agentes pastorais da Paróquia de Joane e a toda a comunidade cristã.

Garante que a Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis da Arquidiocese de Braga (CPMAV) «disponibilizará de imediato, no âmbito das suas competências, um serviço de escuta destinado a todos quantos desejem partilhar as suas dolorosas experiências».

Este serviço, explica, estará disponível na Paróquia de Joane de forma presencial, e será ainda possível recorrer ao mesmo por via telefónica ou por correio eletrónico.

«Os novos testemunhos que, entretanto, possam chegar à Arquidiocese poderão permitir uma leitura mais completa do caso e possivelmente justificar novos procedimentos», acrescenta.

A Arquidiocese de Braga assume «dor e sofrimento» face às notícias dos relatos das vítimas de abusos por parte do cónego Manuel Fernando Sousa divulgados nestes últimos dias pela comunicação social.

«A comunidade paroquial tem sido sujeita a uma forte exposição mediática que reaviva memórias dolorosas, mas que contribui para trazer à luz factos que nunca deveriam ter acontecido. Reconhecemos que, neste caso, a Igreja falhou no seu dever de proteger os mais frágeis e vulneráveis», lê-se no texto.

A Arquidiocese afirma que teve conhecimento da primeira denúncia de abuso sexual em Joane em 21 de Novembro de 2019, através da CPMAV, tendo a vítima na altura mencionado a existência de outras vítimas de abusos sexuais cometidos pelo mesmo sacerdote.

A Comissão, dentro dos limites das suas competências, «diligenciou no sentido de identificar estas e outras possíveis vítimas, mas sem sucesso».

Dois anos mais tarde, chegou à Comissão mais uma denúncia e «ambas as vítimas foram acolhidas e acompanhadas pela CPMAV».

«Tendo a CPMAV enviado os relatórios relativos às duas denúncias à autoridade eclesiástica competente, o então Arcebispo de Braga criou, em Janeiro de 2022, uma Comissão de Investigação Prévia, em conformidade com as normativas eclesiásticas à data em vigor. Em Maio de 2022, o atual Arcebispo de Braga enviou todos os elementos recolhidos para o Dicastério para a Doutrina da Fé», precisa o comunicado.

Segundo a Arquidiocese, as decisões sobre o caso, impostas ao sacerdote em julho de 2022, foram tomadas «em sintonia com o mesmo dicastério».

No texto, é feito um apelo a todos e todas que possam ter sido vítimas de qualquer espécie de abuso sexual em alguma paróquia ou instituição da Arquidiocese de Braga a que contactem a CPMAV através do e-mail [email protected] ou pelo 913 596 668.

«Neste momento difícil, confiamos que a nossa Igreja saberá abrir-se a um novo futuro, marcado pelo reconhecimento humilde e transparente dos seus erros e pecados, pelo acolhimento das vítimas e pela prioridade de criação de uma cultura de prevenção e cuidado», conclui o comunicado da Arquidiocese de Braga a propósito dos casos de abuso em Joane.


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