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“Magias” lusitanas

O bracarense Manuel Sousa Louro Mendes, conhecido pela sua magia e pelo seu pseudónimo artístico de D. Karter Mendes, comemora este ano 50 anos de atividade lúdica. Um verdadeiro artista, dentro dos seus 68 anos de idade, que encanta muita gente com o seu ilusionismo. Que o diga o nosso Presidente da República (PR), Marcelo Rebelo de Sousa, quando, por altura das comemorações do último 10 de junho, Dia de Portugal, foi brindado pelo mágico com um truque em que de um simples pedaço de papel fez aparecer dinheiro. Ao que Marcelo terá proferido, mais ou menos, esta tirada: “isto era aquilo que o Ministro das Finanças de Portugal precisava”. Pois bem, se considero D. Karter Mendes um ilusionista sério e honesto (porque não procura enganar vivalma, simplesmente divertir) já alguns dos nossos atuais governantes, Autarcas incluídos, considero-os uns vendedores de ilusões sem escrúpulos. Veja-se esta prestidigitação do Governo ao contornar, de forma sub-reptícia, a atual Lei da atualização das pensões e reformas que o próprio PS aprovara no Parlamento. Um autêntico ‘truque’ capaz de surpreender os badalados David Copperfield, ou o nosso Luís de Matos. Personagens com ética e seriedade, que não usam os seus conhecimentos profissionais de forma fraudulenta. Desde que o nosso Primeiro-ministro (PM), António Costa, por um passe de mágica, arrumou com o seu camarada A. José Seguro e o social-democrata P. Passos Coelho das esferas do poder, que não evita fazer ‘truques’, tais como aumentar prestações sociais de reforma, cortando-as. E o que era certo e fiável ontem, hoje é totalmente mentira. Assim tem sido com a sustentabilidade da Segurança Social ainda há bem pouco tempo estável, mas agora incapaz de aguentar a atualização dos valores – segundo a inflação registada – aos pensionistas e reformado do país. Então, se é assim, por que carga d’água provaram a lei? E o PR não diz nada? Bem lhe ficaria, logo que termine o mandato, seguir a Marta e filiar-se no PS. Mas não é só a nível presidencial e governativo que há fenómenos destes, também nas Autarquias muito ilusionismo se vai processando diante dos incautos olhos dos munícipes. Em que o ‘truque’ consiste em fazer desaparecer as execuções do prometido – em campanha eleitoral – e aparecer apenas intenções em fazê-lo. Há como que um verdadeiro mar de promessas – à beira do fim de ciclo dos três mandatos – por cumprir, as quais não passaram de parangonas nas páginas dos jornais. Um ‘truque’ como forma de manter os eleitores na expectativa de que nada está esquecido quando, afinal, a montanha gerou um rato malparido. E quem, destes ‘truques’, sai prejudicado são as cidades, vilas, freguesias e toda a população residente. Com efeito, os protagonistas das “magias” lusitanas vão sendo cada vez mais. Veja-se o que acontece ao compromisso dos Edis para com o seu eleitorado: o Presidente de Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, do PSD, quer abandonar o barco municipal para ir para o setor privado. Só ainda não o fez por causa das críticas. O que pretende é, por artes mágicas, entregar o lugar a um correligionário seu para prosseguir a sua tarefa e garantir, desta feita, a fidelidade da sua clientela partidária para os próximos anos em lugares chave da Autarquia. Também o Edil de Caminha, o socialista Miguel Alves, que sem qualquer satisfação prévia aos que o elegeram virou-lhes costas e, num mágico golpe de asa, foi para o Governo como Secretário de Estado Adjunto do PM. Prémio que os socialistas sempre que são poder concedem aos que lhe são fiéis. Coisa que no PSD não acontece. São de uma ingratidão extrema para com quem os ajudou e uma vez no poleiro, logo esquecem quem os apoiou. Trazendo, em grande parte, os seus anteriores detratores nas palminhas das mãos. Por isso, endereço daqui os meus sinceros parabéns ao D. Karter Mendes pela vida dedicada à sua limpa e honesta magia, cujos ‘truques’ não prejudicam ninguém, apenas divertem as pessoas.  
Autor: Narciso Mendes
DM

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26 setembro 2022