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Angola: um país com enormes potencialidades e as próximas eleições

Angola atravessa um período algo complexo, após ter passado por uma guerra colonial, seguida de guerrilhas internas entre o MPLA e a UNITA, principalmente a partir de 1992, após a assinatura do acordo de Bicesse, assinado no Estoril (Portugal) em maio de 1991.

Era de admitir que Angola entraria numa fase de paz, prosseguindo o caminho do desenvolvimento pós-colonial, concentrando-se nas enormes potencialidades de recursos naturais e promoção da economia do país, apoiando os recursos internos e não recorrendo tanto a países externos, sem conhecimento das etnias e com investimentos mal estruturados por desconhecimento da realidade do país e a custos mais elevados.

Os portugueses, apesar do período colonial, seriam o povo mais indicado para o seu desenvolvimento, quer pelo conhecimento do país, quer pelas melhores relações com as diversas comunidades diversificadas, resultantes de fronteiras irreais estabelecidas no período colonial em África. Não esqueço as palavras transmitidas pelo Presidente Agostinho Neto, em 11 de novembro de 1975, quando viajava de helicóptero do Dundo para Lucapa, ao afirmar “Os Portugueses vão voltar a Angola, mas é preciso dar tempo ao tempo”. Infelizmente, por motivos de saúde, levaram-no a Moscovo, onde veio a falecer em 10 de setembro de 1979.

Sucedeu-lhe o Engenheiro, especialista em gás e petróleo, José Eduardo dos Santos, com visão para Angola, mas infelizmente após o acordo de Bicesse, a UNITA, em vez de aceitar a paz, independentemente da forma como correram as eleições, começou a intensificar a sua capacidade militar e Savimbi acabou por abandonar Luanda, a caminho de uma guerra civil interna, entre dois partidos, com características étnicas bem diferentes. Jonas Savimbi era um tribalista, sem abertura e muito centrado no seu poder, o que levou muitos com visão diferente e bem preparados para governar Angola, a deixar a UNITA, sendo de aguardar por umas próximas eleições.

Infelizmente, o país entrou novamente em guerra, tendo a UNITA contribuído para esta situação, devido ao caminho político seguido por Savimbi, o que conduziu às consequências da destruição das infraestruturas e da economia de Angola, caminhando em direção ao sul do país, onde veio a instalar-se em Mavinga, depois de ocupar o Huambo (Nova Lisboa).

A guerra contribuiu para compensar alguns generais no MPLA, com diversas regalias, como por exemplo na área diamantífera da Lunda ou atividades de recursos naturais, como o petróleo, em que Angola é um dos grandes produtores mundiais.

O sul de Angola não foi tanto afetado, principalmente a zona mais litoral, cuja recuperação teve início a partir de 2002, mas dentro de um espectro de criação de riqueza concentrada num grupo restrito de entidades, que se foi acentuando cada vez mais, com a pobreza a crescer exponencialmente, concentrando-se a população nas principais cidades por segurança, devido à falta de condições no interior.

Independentemente dos erros que possa ter cometido José Eduardo dos Santos, fica na história de Angola, como o Presidente que deu vida novamente ao país, embora com o correr dos tempos a corrupção viesse a aumentar e o poder da China aumentou, atingindo ainda maior dimensão atualmente, altamente prejudicial no presente e para o futuro de Angola.

Aproximam-se novas eleições e espera-se que tudo corra normalmente e não se volte a 1998, pois Angola precisa de paz, de crescimento económico, de boa gestão dos seus recursos naturais ou doutra natureza, pois é um país que tem condições para ser uma referência em África, reduzindo as desigualdades comunitárias, e tornar-se um país em vivência democrática, independentemente das etnias diversificadas e dos partidos no poder.


Autor: Bernardo Reis
DM

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19 agosto 2022