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Abuso Sexual de Crianças: e escolas de futebol, etc.?

Condolências pela partida do General Almeida Bruno, Herói do 25 de Abril e de Chalana um dos maiores jogadores de futebol. Além de ainda antes ter “partido” a excelente actriz Olivia Newton-John. Sobre o abuso sexual de crianças e jovens já publicámos aqu em 26 e 31/1/18 - “Hino de Dolores O’Riordan/Cranberries contra abuso sexual de crianças”, “Círculos de Pedofilia & Poderes” e “Acusações a Bob Dylan e Prescrição de Crimes Sexxuais”, I e II, 3 e 10/9/21. No 2º texto damos a conhecer um caso de terror e racismo, tortura e abuso sexual de crianças na África do Sul por círculos do poder do Apartheid. E que envolvia “ministros”, militares, milionários, etc.. O qual teve também por efeitos o estratégico “suicídio” de investigadores, testemunhas-chave e suspeitos. Alguns desses poderosos, infelizmente, nunca foram alvo da Justiça terrena. Já o caso Bob Dylan nos parece ser mais um aproveitamento de alguém que passados muitos anos quer extorquir dinheiro. Faz lembrar o célebre processo “Casa-Pia” que em Portugal levou à condenação com trânsito em julgado de várias figuras públicas – p.e. um ex-embaixador, um apresentador de tv, médicos, advogados, etc. - por abuso sexual de crianças. Não esquecendo o sócio do famoso jogador de futebol Fernando Chalana (infelizmente), Pedro Inverno. Em 2011, a 6ª Vara Criminal de Lisboa condenou Inverno – um dos principais arguidos do processo de pedofilia no Parque Eduardo VII -, a 10 anos de cadeia, assim como a obrigação de pagar a duas vítimas 30 e 40 mil euros. Há muitas figuras públicas. Também escândalos relacionados com abusos sexuais conexionados com membros da Igreja Católica têm vindo a público. Como já referimos antes, presumindo a inocência – a autoria pode ser directa, indirecta, coautoria, instigação e cumplicidade, por acção e omissão -, as autoridades competentes devem investigar e, se for o caso, acusar e julgar. Sendo certo que consideramos os prazos de prescrição existentes em Portugal demasiado curtos. Vamos agora aos escândalos de abuso sexual de crianças no futebol do Reino Unido (e outros países), como p.e. Portugal, mas que ainda não foi investigado. É claro que a situação pode também suceder noutros desportos como p.e. aconteceu na ginástica feminina norte-americana. Larry Nassar, um dos principais treinadores dos EUA, foi condenado na prática a prisão perpétua por crimes de abusos sexuais provados de cerca de 200 ginastas durante mais de 20 anos. Já John Geddert, colega do anterior, suicidou-se logo que soube da acusação contra si também. Os abusos sexuais no futebol do Reino Unido referem-se aos anos 70/90 e foram fruto da possibilidade de poderem ser feitas denúncias anónimas. Foram sobretudo cometidos por treinadores e adjuntos. As direcções dos clubes são acusadas de encobrirem muitos dos casos. Clubes como o Crewe Alexandra, Manchester City e Stoke City estiveram envolvidos. O ex-treinador Barry Bennel foi aliás condenado a prisão efectiva por vários abusos sexuais. E o mais cruel é que já tinha sido no passado e, cumprida a pena, voltou a reincidir. Também existiram investigações e acusações contra George Ormond, Eddie Heath e Bob Higgins, desta vez envolvendo o Chelsea, Southampton e Peterborough. Também surgiram outros casos: Irlanda do Norte e Escócia. Mais de 350 vítimas quiseram depor desde 2016. Em 2018 já existiam mais de 300 suspeitos. Tendo sido depois identificadas cerca de 850 vítimas em mais de 340 clubes. 13 criminosos – Ormond, Bennell, Higgins, W. Toner, J. McCafferty, R. Smith, M. Coleman, J. Torbett, F. Cairney, G. King, N. Shaw, D. D. Hayes, and D. Lamb – foram condenados! Só King não teve prisão efectiva, ficando em provação. McCann foi libertado. M. Carson suicidou-se. Outros alegados criminosos morreram antes de serem acusados. Foram interpostas acções de indemnização contra também o Celtic, Crewe Alexandra, Newcastle United e Manchester City. Também no futebol brasileiro e argentino há centenas de casos. E Portugal? Quais as medidas preventivas? Já investigaram os jornalistas?


Autor: Gonçalo S. de Mello Bandeira
DM

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12 agosto 2022