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SC Braga

Sejamos claros. O que de bem se tenha feito, num passado mais ou menos longínquo, não pode ser argumento para justificar o mal que tem sido infligido no passado recente e num presente que pode causar danos irreparáveis no futuro do nosso clube.

Em suma, esta Direção está completamente deslumbrada com o poder e com os interesses pessoais que dele saem beneficiados, descurando por completo a importante missão que lhes foi delegada, que é a defesa intransigente dos interesses da Instituição e o respeito pelos sócios deste grande emblema.

Não sei bem se é deslumbramento, se são influências externas, ou se é inato às pessoas: o que é certo é que o SC Braga tem sido gerido de forma “czariana”, onde impera o “eu posso, quero e mando”. E os sócios não podem continuar a aceitar tudo e a permitir que lhes atirem areia para os olhos, através de retóricas pouco consistentes e comunicados oficiais que pretendem justificar o injustificável. Atentemos:

1. O Clube ficou privado dos direitos de formação e mecanismo de solidariedade devido à integração dos iniciados, juvenis e juniores na SAD;

2. A Câmara Municipal permitiu a entrega, não ao Clube, mas à SAD, dos terrenos onde se encontrava a inacabada piscina olímpica e dos dois campos de treino anexos ao estádio municipal;

3. O valor das transferências dos últimos cinco anos tem um saldo positivo (vendas menos aquisições) de 128 milhões de Euros, o que resulta num valor médio/ano de cerca de 25,6 milhões de Euros, pelo que não é plausível o discurso de que o SC Braga tem de vender todos os anos os melhores ativos. Tem, sim, de gerir convenientemente os excedentes gerados e apostar numa equipa competitiva que se intrometa na luta pelo título;

4. Os passes de jogadores importantes não podem continuar a ser detidos por outras entidades, como por exemplo nos casos do guarda-redes Matheus e de Ricardo Horta, em que Jorge Mendes detém 66% e 45%, respetivamente, e o SC Braga apenas 33% e 10% em cada um;

5. O preço considerado “justo” para a venda de determinados jogadores não se aplica em todos os casos, como, recentemente, em David Carmo. Face às verbas excedentárias dos últimos anos (ponto 3), não faz sentido vender um jogador tão importante por metade do valor da cláusula de rescisão, bem como aceitar uma cláusula que prevê um bónus de 500.000 euros se o FC Porto for campeão, revelando assim falta de bom senso e sendo reprovável do ponto de vista ético e desportivo, refletindo de igual maneira uma clara subalternalização face aos principais adversários;

6. Nos últimos anos, a estratégia que tem sido seguida, após a venda das ações que a Câmara de Braga detinha na SAD, tem sido a de dar primazia à vertente financeira, através da apresentação de excelentes resultados (não traduzidos na capacidade financeira), relegando para segundo plano a vertente desportiva. Como eu temia, os indícios levam a que esteja a ser “cozinhada” a venda da maioria do capital da SAD a um Estado Árabe (Catar), pois não acredito que o tal Fundo Soberano invista de outra forma, como se verificou no PSG. Juntando a participação da Olivedesportos, esta Direção tem provavelmente assegurada a maioria do capital, pelo que o desfecho não deverá andar longe.


Autor: João Gomes
DM

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14 julho 2022